04/09/2014 - PRETENSA RECUPERAÇÃO


Em julho a indústria cresceu 0,7% e o governo comemorou como se a economia retornasse aos eixos. Mas, trata-se de um pequeno espasmo, visto que nada mais melhorou. Pelo contrário, pela décima quarta vez consecutiva o Banco Central (BC) divulgou a pesquisa semanal Focus, na qual foi reduzida a taxa de incremento do PIB para 0,52%, se não foi alterada nada na política econômica atual. Por exemplo, a alta (que desestimula investimentos) taxa básica de juros da economia foi mantida em 11% anuais, pela terceira vez consecutiva, conforme reunião de ontem do BC. Somente há otimismo por parte do governo, sem mostrar por onde, bem como as previsões do PIB continuarão em descida da ladeira, conforme indica a própria pesquisa semanal do BC. No caso da indústria, ela já caiu seis meses consecutivos, de janeiro a junho, havendo a citada recuperação em julho, mas a projeção para 2014 é negativa em – 2%. O que aconteceu no governo Dilma? Ela recebeu de Lula, por exemplo, a taxa do investimento bruto de 19,5% do PIB em 2010, ano de 7,5% de elevação da economia. A projeção de então era que referida taxa passasse para 25% e o PIB voltasse a crescer em torno de 5% anuais. Mas, qual? Citada taxa de inversões brutas caiu para modestos 17% do PIB, a previsão do aumento do PIB se retraiu para próximo de zero e a economia está em recessão.

O que mudou da política econômica de Lula para Dilma, ambos de mesma base aliada, comandada pelo PT? Em primeiro lugar, o Banco Central, que foi independente na era Lula sofreu forte intervenção de Dilma, que mandou o BC baixar a taxa básica de juros em 5%, em período de um ano. Isto deixou temerosos os capitalistas. Depois voltou atrás, elevando a referida taxa em quase o mesmo percentual. Segundo, ela parou as parcerias público-privadas e somente depois de dois anos fez pouquíssimas delas. A maioria continua em estudos. Terceiro, a meta de inflação em 4,5% mais o viés de 2%, nunca convergiu para o centro e tem estado no seu limite superior. Quarto, a meta fiscal nunca foi cumprida, baixando de 3% do PIB para 1,9%, além de ser conseguida via manobras contábeis de recebimentos antecipados de dividendos das estatais e postergações de pagamentos. Quinto, o câmbio foi mais ainda valorizado, traduzindo-se no recuo da indústria, além do governo não ter realizado a reforma tributária tanto solicitada e prometida. Dose dupla de repercussão negativa industrial. Sexto, o governo elegeu “campeões nacionais” para receber crédito farto e subsidiado do BNDES enquanto outros não, gerando discriminação. Sétimo, os controles de preços administrados voltaram, prejudicando principalmente os sistemas de petróleo e elétrico. Oitavo, não realizou a abertura comercial externa, mediante acordos bilaterais internacionais, enquanto o mundo hoje é um tabuleiro desse tipo de xadrez. Nono, não conseguiu tirar a produtividade da economia brasileira do marasmo de vários anos. Décimo, seus 39 ministros se mostram inoperantes, dizendo que é por causa da interferência dela lhes retirando poder, crescendo o gasto público muito mais do que o incremento do PIB. Onze, seu governo padece de descrédito interno, de capitalistas e de consumidores, além de descrédito externo, revelado em ameaças ao rebaixamento brasileiro, quanto à perda do grau de investimento, depois de tanta luta para conquistá-lo em 2008.

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