18/09/2014 - INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL
Certas discussões parecem que não
tem importância para a maioria dos cidadãos, muitos dizem desconhecer o que é a
independência do Banco Central (BC), mas para os executores da política
econômica e seus críticos ela tem imensa importância. Senão, agora no debate
eleitoral da presidência da República, o assunto não seria objeto de briga
judicial. A questão começou quando a candidata Marina assumiu o fato de que o
BC teria autonomia no seu provável governo, forçando a presidente Dilma a
assumir que em seu governo não tem. Ela não admitia isto claramente. Chegou a
dizer que continuava a autonomia dada por FHC e Lula. Mas agora admitiu,
peremptoriamente, o que velado se referia a uma baixíssima taxa de juros de
6,5% como a ideal, exatamente o que é atualmente a taxa de inflação, hoje ela
se expõe assim. Nem nos países avançados de inflação até 2% anuais o juro é
zero. Chega a 0,5%, vai a 2%, volta e é o que se vê em mais de uma década. No
Brasil a inflação não varia muito pouco. Pode até variar pouco. Mas, o
percentual que geralmente varia costuma dar saltos. O choque de queda de 5% em
cerca de um ano da taxa básica de juros, para a menor SELIC da história, de
7,25%, fez retrair os investimentos brutos sobre o PIB, de 18,5% para 16,5%. O
PIB caiu tanto que hoje é esperado pelo próprio BC 0,33% de alta em 2014. Em
réplica à Marina, Dilma colocou propaganda persistente de um grupo de pretensos
banqueiros, fazendo projeções ameaçadoras à população, pela provável
independência do BC. Marina ingressou em juízo e conseguiu, depois de alguns dias
veiculado, suspender o vídeo, o qual vai ser julgado pelo TCE.
O Banco Central existe há mais de
um século no mundo. Onde melhor funciona é nos países avançados. Lá, o mandato
do seu presidente não coincide com o mandato do presidente da República. O que
isso tem a ver com a eficiente atuação que lhe é requerida? É a questão da
decisão sobre o prazo. O presidente da República tem ações de curto prazo que
não necessariamente coincidem com as do gestor do BC, cuja principal
preocupação é manter a estabilidade econômica em longo prazo. Isto é, menor
taxa de inflação possível com crescimento econômico superior ao incremento
populacional.
Uma ação aparentemente não
destorcida pode acontecer em um prejuízo à maioria dos cidadãos. A própria
Dilma provocou isto com a primeira mudança que praticou na caderneta de
poupança, desde que Collor realizou o confisco de 1990. Um projeto de lei dela,
aprovado em 2013, mexeu na remuneração da referida caderneta, que é de 0,5% ao
mês mais a Taxa Referencial. Assim, toda vez que a SELIC baixasse de 8,5%, a
remuneração seria pela variação da SELIC. Logo, como a SELIC baixou de 8,5%
para 7,25%, houve prejuízo nos rendimentos naquele ano, por alguns meses, visto
que a inflação estava por volta de 6%, em relação à remuneração anteriormente
prevalecente. O que não foi pequeno, haja vista que há mais de 100 milhões de
depositantes na poupança. Como a SELIC está em 11%, voltou à regra anterior.
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