11/09/2014 - BANK OF AMERICA MERRIL LINCH


O sistema financeiro internacional sempre se pronuncia sobre as eleições majoritárias no País. O Bank of America foi por muitos anos o maior banco do mundo. Porém, após a crise financeira de 2008, ele diminuiu muito de tamanho, associando-se à financeira Merril Linch (BofA é agora sua sigla, em inglês), voltando a ser atualmente um dos maiores do globo. O grupo representa muitas multinacionais com operações no Brasil. No dia 9 passado, ele reuniu 500 clientes em hotel de São Paulo, na Vila Olímpia, visando ouvir os coordenadores do programa de governo da campanha de Marina. Os participantes fizeram questões sobre as propostas para a economia brasileira, em especial, sobre governabilidade e licenciamento ambiental. Vale dizer, administração de preços públicos, trajetória da inflação, superávit fiscal, reforma tributária, investimento em infraestrutura. Em resumo, Os executivos se mostraram preocupados com a situação da economia brasileira em 2015, visto que já consideraram 2014 encerrado. Economistas conhecidos, tais como André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real (sua tese de doutorado amparou os estudos técnicos do Plano Real), Alexandre Rands, Mauricio Rands e Bazileu Margarido foram os sabatinados. Fonte próxima ao banco revelou que após a reunião as propostas do citado programa agradaram. Porém, para não provocar ciúmes ou parcialidade, o BofA estendeu convites a Dilma e Aécio para futuras reuniões. Todavia, ficou clara uma inclinação de aprovação.

Os banqueiros em geral entraram na crista dos debates. Marina disse que o Banco Central voltará a ser independente, conforme foi com FHC e Lula. Dilma afirmou que Marina quer isso porque tem apoio explicito de sócia do Banco Itaú. Marina rebateu dizendo que Lula e Dilma criaram não só o Programa Bolsa Família, mas o Programa Bolsa Empresário, aludindo ao BNDES priorizar clientes, dando aos poucos escolhidos, taxas de juros de 3,5% ao ano; o Programa Bolsa Banqueiro, referindo-se que nunca os banqueiros ganharam tanto como na era do PT, até que mesmo a contribuição do Itaú foi a maior para a presidente em 2010 do que para os demais candidatos de então. Dilma declarou explicitamente, o que antes fazia de forma velada, que manda no BC, que, no caso de Marina ser eleita, a ação do BC será de um complô de banqueiros a prejudicar a sociedade nacional, passou um vídeo, sugerindo conluio camuflado, interferindo em juros, preços, emprego e salários. Marina, indignada, protestou junto ao TSE. Aécio está quieto, no particular, por enquanto.

Para tentar entender o intricado jogo dos bancos, sabe-se que estes somente emprestam se o país, a empresa ou qualquer outra instituição se eles têm capacidade de pagamento, que é a mesma coisa que o chamado grau de investimento, na linguagem também técnica e bastante referida Assim, existem três grandes agências internacionais de risco. A Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s, que conferiram pela primeira vez ao Brasil, em 2008, o grau de investimento, isto é, de credibilidade internacional, devido aos grandes avanços para a estabilidade da economia, desde 1994, com o Plano Real. Porém, com a piora dos indicadores econômicos nos últimos quatro anos, já na última semana de março deste ano a Standard & Poor’s, que calcula o índice Dow Jones e o indicador S & P 500 das maiores multinacionais, reduziu a nota brasileira de BBB para BBB – (menos), sem retirar o referido grau, mas o colocando em ameaça. O sistema financeiro internacional impõe ainda mais pressão ao debate, na medida em que no dia 9 deste mês, a agência Moody’s alterou, pela segunda vez, a sua expectativa de risco do Brasil de “estável” para “negativa”, na primeira vez, em outubro de 2013, de “positiva” para “estável”, ameaçando rebaixar a nota do País, que é BAA2, devido ao fato de que o PIB crescerá menos de 1%, abaixo de 2% em 2015, e da piora das métricas da dívida pública. Assim, baseia-se nas baixas taxas de investimento no Brasil que refletem a queda de confiança do investidor. A Fitch não se pronunciou.

Se o Brasil deixar o grau de investimento, os financiamentos externos, para fechar o tradicional déficit no balanço de transações correntes ficarão mais difíceis e mais caros. Isto é, é dinheiro internacional que se paga em semelhante moeda. Outrora, o Brasil teve que recorrer em diferentes governos, ao dinheiro do FMI, criado em 1944, e aceitar a sua ingerência na economia nacional. No momento, isto está difícil devido à existência de mais de US$370 bilhões de reservas internacionais.

Em aditamento ao exposto, em nota sobre Economia, da p. 51, da revista Veja, datada de ontem: “Pela ótica dos fundos globais” – Marina Silva está sendo tratada por muitos investidores internacionais como uma espécie de Narendra Modi, o primeiro ministro da Índia, que tomou posse há quatro meses. Ou seja, alguém sobre quem os investidores tinham muitas interrogações, mas que encarnava uma mudança necessária. Lá, a bolsa de valores subiu 20% na reta final do processo eleitoral e 15% logo depois do anúncio da vitória de Modi. 

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