28/09/2014 - FORÇA DO AGRONEGÓCIO



Chama-se de sistema do agronegócio o que no passado foi chamado de modelo primário exportador. Quer dizer, em idas e vindas, na constituição do PIB, chegou-se no século XX a um País que tinha mais de 80% de contribuição da agricultura  no produto nacional, declinando, desde 1930, quando o governo federal passou a proteger a incipiente indústria nacional. Até 1956 a indústria alcançou cerca de 16% do PIB, quando o Plano de Metas de JK a turbinou, chegando a alcançar o produto industrial 25% do PIB em 1985. De lá para cá, o PIB industrial veio recuando e hoje é de 13% do PIB. Em contraponto, o agronegócio mais a produção familiar, de quatro décadas atrás se situaram em menos de 20% do PIB. O País naquela época era grande importador de produtos agrícolas. Politicamente, a sua bancada no Congresso sempre foi a mais forte, com mais de 100 membros. Não foi sem motivo que, depois dos golpes dos choques do petróleo nos anos de 1970 e da incapacidade de pagamento da dívida pública nos anos de 1980, que o agronegócio passou a reverter o quadro econômico. Assim, em quatro décadas, de importador agrário passou a ser o segundo maior exportador de produtos agropecuários do mundo. Somente no ano passado exportou mais de US$100 bilhões e este ano será muito mais.

Atualmente, conforme a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor rural responde por 23% do PIB, 27% dos empregos e 44% das exportações brasileiras. Somem-se os 10% da produção familiar e a participação da agricultura hoje é de 33% do PIB. Pelo grau de importância, o País ocupa no mundo o primeiro lugar no complexo de soja (farelo, óleo e grão).  É também o líder mundial na produção e exportação de café, açúcar, etanol da cana de açúcar e suco de laranja. Possui o segundo maior rebanho bovino mundial. É o terceiro maior exportador de frango. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a produção de grãos, de 100 milhões em 2.000, já tem projetado para este ano 194 milhões de toneladas e mais do que dobrará até 2.023. No mesmo período, a área plantada saltará de 60 milhões de hectares para 75 milhões. Ainda assim, o Brasil estará aproveitando áreas rurais em torno de 50% do seu potencial produtivo.

Nesta semana, a presidente esteve na abertura dos trabalhos da ONU. Não assinou o proposto acordo mundial de desmatamento, mostrando que o agronegócio não concorda na interferência externa. Nas palavras da presidente da CNA, Kátia Abreu, senadora: “Desmatam lá e querem a preservação aqui”, em artigo publicado em jornais de ontem, no qual deixou claro o apoio que dá (na base aliada) e recebe do governo. Refere-se também: “O Brasil conserva 61% de suas vegetações e florestas nativas, chegando a mais de 80% na floresta amazônica. Nenhum país ostenta tais índices, sobretudo os mais desenvolvidos, cujas ONGs se voltam contra nós. Deveriam, isto sim, atuar em seus países sede para que imitem nosso Pais... Na Amazônia Legal, o índice de conservação via Reserva Legal é de 80% da propriedade, no cerrado, 35%, e, no restante do País, 20%. São índices altíssimos... A lei também obriga os produtores rurais brasileiros a manter Áreas de Preservação Permanente (APPs) no entorno dos cursos d’água, entre outros locais, para proteger as nascentes”. Bem, hoje a legislação é protetora, coisa que no passado não fora. Entretanto, existe, e muito, o desmatamento ilegal.   

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