19/09/2014 - ARROCHO NOS APOSENTADOS




O sistema econômico é composto de fatores de produção definidos como natureza, trabalho, capital, capacidade empresarial e tecnologia. Todos têm suas remunerações. Todos pagam tributos, recolhidos pelo Estado, que deveria devolvê-los à sociedade sobre a forma de serviços.  Mas não o faz. Tampouco cobra tributos conforme a equidade. No sistema capitalista, hoje, na quase maioria dos países do mundo, o capitalista é o fator dominante. Para Karl Marx, em seu conjunto clássico de livros chamado de “O Capital”, o capitalismo é definido pela luta de classes. Isto é, entre os proprietários dos fatores de produção.

O fator trabalho é composto por bilhões de pessoas. Entre os mais de 7 bilhões do globo, a maior parte está trabalhando; a segunda parte mais numerosa é de crianças e adolescentes, chamados de menores de idade que ainda não trabalham; a terceira parte em número são os desempregados, não amparados, desvalidos, excluídos, famélicos, marginalizados e marginais, enfim, fora dos mercados formais; a quarta parte também em número são os aposentados.

No Brasil, devido ao baixo poder de fogo, os aposentados ficam em último lugar nas suas remunerações. Na maioria dos casos, os aposentados contribuíram para formar fundos de previdência, sejam privados ou públicos, sendo estes em maior número, cujas retribuições serão pagas pelo “funding” formado, pelos fundos de pensão e pelo Instituto Nacional da Previdência Social (INSS), após pelo menos 30 anos de contribuição. Antes de 1930 não existia nada. Depois, começaram a surgir em profusão os sistemas de pensões, que resultaram no atual INSS. Cada um tem sua história. Porém, os fundos de pensão públicos sempre foram os mais manipulados. O salário mínimo, instituído em 1940, constitui-se em uma referência para reajustes, mas que ficou muito defasado no longo tempo, de 1940 até 1994. Porém, hoje está em R$724,00, enquanto o DIEESE, que foi criado também nos anos de 1940, afirma que deveria valer pelo menos quatro vezes mais. No entanto, já chegou ao piso inferior a US$40.00 (algo como R$88,00), enquanto atualmente está em torno de US$330.00 mensais.  

Durante o longo período de defasagens salariais, mediante recomposições periódicas, que retornavam às defasagens no tempo adiante, as aposentadorias foram também manipuladas e a categoria de aposentados em muito sofreu com isto. Entretanto, após o Plano Real, o salário mínimo passou todo ano a ter reajuste com ganho real. Isto é, salário mínimo corrigido pelo Índice de Preços ao Atacado (IPCA), mais o aumento anual do PIB, considerado como elevação de produtividade. A aposentadoria vem com outra regra de correção anual, que é a aplicação somente do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Logo, do ano 2000 para 2012, a aposentadoria está defasada em 91% em relação ao salário mínimo. Não bastasse isto, o aposentado gasta muito mais com remédios, médicos, hospitais, do que o trabalhador comum, recorrendo ao crédito consignado, geralmente caro, muito caro. O mais barato é o da Caixa Econômica Federal a 1,45% ao mês, 19% neste ano, quando a aposentadoria subiu 6% e o salário mínimo 6,5%. Portanto, o arrocho é de pelo menos dois lados, no reajuste oficial e no crédito bancário caro, infelicitando a vida de mais de 15 milhões de brasileiros.

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