30/09/2014 - MATRIZ ENERGÉTICA NA CONTRAMÃO
Em 2011, 88,9% das energias
usadas no Brasil eram renováveis. Em 2012, 84,3%. Em 2013, 79,3%. Por que essa
queda em grandes proporções? Em primeiro lugar, a descoberta e o início da
exploração de grandes reservas de petróleo na camada do pré-sal, o excesso de
acomodação com as usinas hidrelétricas, além dos aspectos de atraso tecnológico
e elevação da intervenção do Estado na área. Neste último aspecto, houve um
esfriamento do mercado livre de energia elétrica, no qual as empresas fecham
contratos de longo prazo, para comprar energia diretamente dos geradores. A
Medida Provisória 579, promulgada em 2012, teve como objetivo diminuir a conta
de luz em 20%. O mercado livre parou praticamente de crescer, visto que a MP
579 transferiu para as distribuidoras boa parte da energia que antes era
negociada livremente entre consumidores e geradores. As incertezas aumentaram.
Dessa forma, os consumidores começaram a pagar o preço já em 2014, com 14% de
reajustes. Para o ano que vem já se especula reajustes de 11%, número mínimo que
é quanto as distribuidoras vão precisar aumentar as tarifas.
Enquanto no mundo inteiro se
incentiva a produção de energia renovável, no Brasil o segmento é dos que menos
tem crescido. É sabido que o Brasil é um dos países que mais tem sol durante o
ano. No entanto, pouco se faz de uso da energia solar. Dentre os investimentos
nas chamadas Novas Energias para 2014, no mundo, no valor de US$214 bilhões, o
Brasil irá investir somente US$3,2 bilhões. Isto é, 1,4% do total.
No Brasil, as grandes hidrelétricas
se movem com dificuldades e em longo prazo. A tecnologia é muito antiga, dos
séculos XIX e XX, com uso limitado, dependendo de grandes rios, tendo impactos
muito grandes junto às comunidades ribeirinhas, vegetação, animais, índios.
Assim, cada vez mais está sendo usadas termelétricas, mais caras, na contramão
da vocação energética brasileira.
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