02/09/2014 - MUNDO DA LUA
“É inadequado falar em
estagnação, em recessão e, muito menos, em crise da economia brasileira”. Guido
Mantega, ministro da Fazenda, em declaração à imprensa, dias depois da
realização do Sexto Exame Fórum, no dia 13 de agosto passado. Ele está há
praticamente 12 anos no poder. Começou com o ex-presidente Lula, no ministério
do Planejamento, depois foi transferido para a presidência do BNDES. Após
desgraça de Antônio Palocci, em 2005, assumiu em seu lugar o ministério da
Fazenda, onde até hoje permanece. A equipe comandada por Mantega é o principal
obstáculo para a mudança na política econômica, além da velada interferência da
presidente Dilma, como fez na redução abrupta de 5% na taxa de juros básica da
economia, há cerca de dois anos, que desorganizou o sistema econômico. Não veem
necessidade de mudanças. Mantega continua atribuindo o mau momento do País aos
efeitos persistentes da crise mundial de 2009. Ora, o PIB veio de 7,5% de
crescimento em 2010, em grande resposta a 2009. Caiu para 2,7% de incremento em
2011, para 1% em 2012, para 2,5% em 2013 e agora o próprio Banco Central espera
número bem abaixo de 1%, cerca de 0,7%. Em 2014, o PIB caiu – 0,2% no primeiro
trimestre e – 0,6% no segundo trimestre. Pela décima terceira vez o Banco
Central, ligado umbilicalmente ao ministério fazendário mostrou pesquisa na
qual os considerados pelo governo como maiores especialistas da economia,
reduziram suas expectativas para o PIB brasileiro, já em direção ao crescimento
zero neste exercício. Por que ele fica falando em crescimento expressivo? Está
realmente no mundo da lua. Isto é péssimo para o País, hoje sem expectativa de
recuperar o crescimento virtuoso.
No citado Fórum da revista Exame,
citando dados do Banco Mundial, FMI, Conference Board, dentre outras fontes, ficou
evidenciada que a reforma tributária é considerada a mais urgente pelos empresários,
já havendo um projeto empacado no Congresso, que poderá ser aprovado no ano que
vem. O Brasil foi o único entre os principais emergentes a perder produtividade
nas últimas décadas, sendo um dos principais obstáculos ao retorno ao
crescimento. A explicação disso se deve à baixa qualificação da mão de obra,
cuja posição no indicador de qualidade do capital humano, no quesito educação
se situou em 88º lugar entre 122 países. Já a precariedade da infraestrutura,
conforme Índice de Performance Logística, está em 65º lugar entre 160 países.
As contas públicas ficaram mais apertadas, mediante crescimento do déficit
nominal em relação ao PIB, que cresceu de 2,4%, para 2,5%, 2,6%, 3,3% e
previsto de 3,6%, relativos ao período de 2010 a 2014. Enfim, o fundamental é o
investimento bruto que precisa crescer, e não se retrair, como fez no segundo
trimestre deste ano, de 18% para 16,5% do PIB, quando deveria estar em direção
à 25% do PIB, consoante previsão correta do próprio governo de incremento do
Produto, para subir além de 3% anuais. Os investidores afirmam que o Brasil é
atraente porque tem potencial de crescimento no longo prazo. Porém, no curto prazo
as falta de confiança de empresários e de consumidores só tem aumentado.
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