21/09/2012 - SECA NORDESTINA




Em tempos pretéritos, pelo menos desde o século XVI, quando aconteceu o ciclo do açúcar, a começar no Nordeste, o desmatamento da costa atlântica brasileira, que já vinha célere com a devastação feita pelo pau Brasil, potencializou ainda mais com o sistema de grandes propriedades, para grandes monoculturas, tal como a cana de açúcar, ocasionando o horror que é a estiagem muito prolongada. Onde existia cana, nada mais se plantava. Os desequilíbrios ecológicos aconteceram cada vez mais fortes, ao ponto de hoje o País somente possuir cerca de 10% da mata atlântica que tinha no início do descobrimento. No século XVII a cana de açúcar entrou em decadência. Pobreza e miséria sempre foram retratadas pelos livros de história sobre os retirantes da seca nordestina. A metrópole portuguesa nada fez sobre a miséria nordestina. Durante o Império, as preocupações se tornaram grandes, ao ponto de Dom Pedro II dizer que venderia até a última joia da Coroa para livrar os nordestinos da calamidade que sempre ocorreu de forma persistente. Depois veio a República Velha (1889-1930), a Ditadura de Vargas (1930-1945), a República Nova (1945-1964), o Regime Militar (1964-1984), a Nova República (1985 até agora), muitas promessas e poucos resultados. Porém, o Brasil passou de pobre a país emergente, ficando o problema da seca como problema ‘menor’, para a grande imprensa e principalmente para o governo federal. Mas, a seca até hoje tem sido uma praga sem fim.

O Ministério da Integração Nacional delineia um prejuízo monumental do agronegócio, perda de R$12 bilhões do PIB, para os estragos das safras de grãos e a morte de animais na atividade pecuária na região nordestina. A estiagem deste ano é calculada como a maior dos últimos quarenta anos, haja vista que seca tem todo ano. A balela de transposição das águas do Rio São Francisco atravessou sucessivos governos, causando frustração e prejuízos enormes. As obras de cisternas para a acumulação de água nos pontos mais necessitados continuam sendo insuficientes. Referido Ministério diz ter contratado aproximadamente 2,6 mil carros-pipa para atravessar áreas que sofrem a muitas semanas. A linha de crédito adicional de R$1 bilhão para os pequenos produtores em situação emergencial parecem ser muito insuficientes perante o desastre que ora ocorre.

A conclusão óbvia é de que os planos para combater as secas somente aparecem depois que elas acontecem. A persistência do erro é por todos conhecida como se remedia primeiro quando primeiro deveria prevenir.

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