07/09/2012 - SECA AMERICANA REFLETE NO BRASIL



A grande seca americana deste ano, a maior em 50 anos, segundo as primeiras explicações de lá, dizimou a produção de soja e milho nos EUA. O reflexo é no mundo todo, visto que os Estados Unidos são os maiores produtores agrícolas do globo, não somente sendo campeões do consumo doméstico, mas também campeões de exportações agrícolas. Desde 2008 que o comércio internacional brasileiro caiu relativamente para os EUA e subiu para a China, esta agora primeira parceira comercial brasileira. Os preços do milho subiram extraordinariamente nestes dias. Em consequência imediata, o Brasil exportou 1,7 milhão de toneladas do produto em julho, uma elevação de 527%, em relação a julho do ano passado. Os exportadores são livres para vender onde os preços estão melhores. O produto agrícola é bem inelástico em relação a sua demanda, o que vale dizer que, elevações de preços elevam relativamente a receita total do negociador dele. Logo, e pela lógica capitalista, os exportadores nacionais deram preferência por vender onde os preços estão maiores (nos EUA). A implicação desfavorável no Brasil é a redução do produto no mercado interno e a consequente elevação do preço do milho. O preço da saca do citado cereal subiu cerca de 30%, levando a reflexos imediatos em vários alimentos, tais como as carnes de frango e suína, e indiretamente da carne bovina, pelo efeito substituição, além de decorrentes elevações de preços em fubá de milho e derivados daquele produto. Assim, o reflexo global do aumento do preço de milho já é de cerca de 8% na cesta básica nacional. 

Relativo à soja, o óleo dela derivado já se elevou em 25%. A carne subiu mais de 6%. Acresça a tais reflexos, os preços das frutas e verduras brasileiras, que foram bastante afetados pela seca do nordeste brasileiro nos últimos 60 dias. Dessa maneira, o preço do feijão acumula alta de 28% em 12 meses. Em decorrência das secas, o reflexo na taxa inflacionária já aponta para seu crescimento acima de 5%, ela que tinha sido reduzida de 7,1% até 4,8% nos últimos meses. Referida ascensão inflacionária poderá estancar a queda da taxa SELIC, principal instrumento usado pelo governo desde 1999, quando foi adotado o sistema de metas de inflação, a qual se reduziu no último período anualizado, de 12,5% para 7,5%, cujos reflexos na produção foram aquém dos esperados. Por tudo isto, a economia brasileira poderá continuar patinando por mais tempo do que acredita o governo federal, o qual vem se referido a uma grande recuperação neste segundo semestre. Mas, só ele, visto que os formadores de opinião econômica, inclusive os consultados semanalmente pelo Banco Central, ainda não vêm claramente essa luz no fim do túnel.

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