01/09/2012 - POLÍTICA SALARIAL




O marco da política salarial ocorreu a partir dos anos de 1940, quando foi criado o salário mínimo e a Consolidação das Leis de Trabalho, ambos as instituições em vigor até hoje. De 1940 até 1994, a política salarial aconteceu de forma a promover o arrocho salarial, patrocinado pelos sucessivos governos. Isto é, perdas das remunerações, em relação à inflação. Somente a partir do Plano Real, em 1994, somente o salário mínimo passou a ser monitorado pelo governo federal, promovendo ganhos anuais, dessa forma a recompor as perdas anteriores, transformados em ganhos reais, até hoje. As demais faixas de renda passaram a ter reajustes conforme a categoria de empregados, em sua data base. Deu certo. Não somente os reajustes salariais deixaram de ser culpados pelo persistente recrudescimento inflacionário de 1956 a 1994, bem como o salário médio real de todas as categorias têm se elevado ano a ano. Caiu o mito de que o salário aumentava a inflação. Não que os salários em geral são altos no Brasil. Porém, seguramente, o Brasil está melhor e a sua classe média, que era de 36% em 1994 passou a 52% em 2011. Claro que falta muito para a renda dos brasileiros equiparar-se a dos países desenvolvidos. Entretanto, isto somente se dará com a utilização do bônus demográfico, melhor educação, saúde e infra-estrutura, pelo menos.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos (DIEESE), mantido pelos sindicatos, vem acompanhando a evolução do salário mínimo, reconhecendo que ele evoluiu bastante, hoje em R$622,00. No entanto, o número para ele do DIEESE seria de aproximadamente R$2.500,00, para chegar ao que foi calculado em 1940. Para uma família com pai, mãe, dois filhos. Ontem, o DIEESE informou que 97% das 370 negociações salariais analisadas no primeiro semestre de 2012 ficaram acima da inflação. Ganho real. Trata-se do melhor resultado desde 1996, início da série histórica.

Ganhos reais considerados “expressivos” pelo DIEESE se verificaram em 2011. Pelo menos 37% dos reajustes ficaram acima da inflação, cujos ganhos reais estão entre 2% a 3%. Outros 14% tiveram ganhos reais acima de 4%. Os trabalhadores da indústria obtiveram os melhores resultados nas negociações. Por ironia, o segmento de salários que mais se deprime no Brasil neste ano, caindo 2,5%.

Ontem, a proposta governamental do orçamento para o ano que vem, advoga elevação salarial de 7,9% para o salário mínimo, enquanto os aposentados que ganham acima de um salário mínimo poderão perceber 5%. Claro, os trabalhadores ativos são muitas vezes mais números, dando mais votos, assim como aqueles que recebem recursos do Programa Bolsa Família, residências do Minha Casa, Minha Vida e do Brasil sem Miséria, cujos recursos foram bastante reforçados.

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