24/02/2012 - COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL


A indústria brasileira foi proibida de nascer em 1703, pelo tratado de Methuen, entre Inglaterra e Portugal, visando regulamentar as trocas entre eles. Isto é, Inglaterra se especializaria na produção de bens industriais; Portugal se especializaria na produção de bens agrícolas. Portanto, Portugal estava impedido de criar indústrias nas colônias. Por exemplo, D. Maria I, mãe de Dom João VI, sabedora de que em Minas Gerais havia fábrica de tecido grosso, para roupa de escravos, mandou alvará destruí-la. No decorrer dos séculos, somente oficinas existiam no País, até o início do século XX. Vale dizer que o Brasil não se beneficiou da revolução industrial, o que fez a diferença para que o País se atrasasse em relação aos países desenvolvidos.

A revolução de 1930 tinha como objetivo central estimular a indústria nacional, mediante criação de incentivos fiscais, financeiros e materiais. Referida proteção estatal tornou possível a criação de indústrias de todos os tamanhos. Porém, sem ter condições de concorrer internacionalmente. As reservas de mercado para elas foram motivos de retardamento e de estímulos para as inovações. Quer dizer, a “destruição criativa”, conforme as palavras de Schumpeter não se completavam na industrialização brasileira.

Em 1990, Fernando Collor acabou com a proteção da indústria nacional, mediante abertura para as importações, privatização e estímulos à modernização industrial. Dessa forma, as indústrias brasileiras foram adquirindo condições de competição internacional. A Companhia Vale se alastrou por diversos países, bem como a Companhia Siderúrgica Nacional. Por incrível que possa parecer o País voltou a ser competitivo com suas exportações de matérias primas. Porém, as indústrias do mercado nacional começaram a fechar devido à concorrência asiática, em especial, da China. Coréia do Sul e China inundam as cidades com inúmeros produtos, dentre os quais se destacam seus carros mais baratos.

Na revista Exame, datada de 22-02-2012, J. R. Guzzo, em seu artigo “Vida dura para a indústria”, conclui: “A verdadeira chave da questão é criar igualdade de condições para o produtor nacional competir - ou diminuir ao máximo as desigualdades que o prejudicam. Quem pode fazer essa igualdade somos nós mesmos. É o governo brasileiro, e ninguém mais, que pode reduzir impostos e juros, desfazer os pesadelos da infra-estrutura e diminuir os entraves caríssimos da burocracia – ou eliminar insanidades como o custo da energia, que no Brasil é um dos altos do mundo. Não são os concorrentes que nos obrigam a viver assim.”

Em resumo, a indústria brasileira não se torna mais competitiva devido ao chamado custo Brasil. Isto é, deficiências em portos, aeroportos, estradas, saneamento, burocracia, corrupção e na legislação imensa e sufocante.

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