19/02/2012 - DESOCUPADA A CRACOLÂNDIA


No início do ano o governo de São Paulo realizou a desocupação de uma área no centro da cidade de São Paulo chamada de Cracolândia. Eram mais de centenas de dependentes, tais como mendigos, pobres, sem teto, sem terra e traficantes. Houve a demolição de 24 prédios ocupados pelos viciados e 113 internações voluntárias para tratamento de saúde. Os demais se espalharam pelas praças da cidade. O governo paulista identificou 174 ocupantes naquela área, muitos fugiram, dentre eles 24 jovens tinham curso superior completo. Dessa forma, a droga já tinha se disseminado pela classe média. Agora, ela invade domicílios com mais freqüência. Há dez anos existiam 200.000 viciados. Em uma década subiu para 800.000 em 91% dos 5.565 municípios brasileiros. A porta de entrada da substância é a pasta da coca. Para os traficantes não faz grande diferença vender cocaína ou crack. Na Bolívia, um quilo da pasta base de coca custa R$11.000,00. Transformada em cocaína será vendida por R$130.000,00, para ser cheirada. Se for a pasta base misturada ao bicarbonato de sódio e amônia se tornam pedras que serão fumadas em cachimbo, rendendo R$120.000,00.

A droga vicia facilmente. Para fins comparativos, o cérebro humano produz a dopamina, a substância que regula a sensação de estar bem. Enquanto a alimentação aumenta o nível de dopamina no cérebro em 50%, o álcool a eleva em 90%, o sexo em 100%, a cocaína em 230%, o crack alcança 900%. A quantidade absorvida de cloridrato da substância em uma tragada é brutal. O nível de dopamina é o neurotransmissor que regula a sensação de prazer. A substância vai para os pulmões cujos alvéolos se desdobrados apresentam uma área de 80 metros quadrados, a metade de uma quadra de tênis.

O crack tem o agravante de tornar difícil o seu abandono, tanto para ricos como para pobres. Os primeiros saem mais rápidos, pagando clínicas de tratamento caras, variando de R$20 mil a R$30 mil por mês. Nos primeiros oito meses, 90% dos viciados têm vontade de voltar a fumar. Também 90% que passam de um ano em clínicas de saúde conseguem voltar a trabalhar e estudar. Os danos da droga no viciado o fazem perder muito peso, a mente fica descontrolada e o tratamento é caro e demorado.

No Congresso os debates para o tratamento ser obrigatório prosseguem. O governo de São Paulo diz que não produz a pasta de coca, de que ela vem da Bolívia. A oposição a ele é de que a destruição da área em referência no centro de São Paulo espalhou os viciados. De toda a forma é preciso atuar com mais rigor que o caso requer.

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