02/02/2012 - GASTOS NO EXTERIOR


Depois de quase uma década de superávit na balança comercial, em janeiro, houve um déficit superior a US$1 bilhão. A balança comercial é a diferença entre exportações e importações. Ela registra as transações somente de bens, já que existe outra balança de serviços nacionais e internacionais. Ambas formam o balanço de transações correntes. A balança comercial vinha se comportando positiva por muitos anos, devido ao fato do Brasil vir exportando commodities, tais como minério de ferro, carnes, soja, em razão da alta demanda vindo da China, o que sustentou elevações continuadas de preços. Já a balança de serviços sempre foi deficiente, visto que nela estão incluídos os serviços da dívida (juros), turismo, seguros, fretes, royalties, cinema, dentre outros. Para fechar o balanço de transações correntes o Brasil tem se valido do balanço de capitais, com as maiores taxas de juros mundiais praticadas. Como resultado, fecha-se os dois balanços em um documento só, que se chama balanço de pagamentos. Ainda que janeiro tenha sido atípico, a preocupação é que o Brasil volte a importar mais do que exportar. Isto já aconteceu a mais de uma década, de triste memória, visto tratar-se da dependência global em comércio, serviços e capitais.

Considerando que a economia nacional encontra-se estabilizada, o que o País necessita mesmo é realizar reformas que fortaleçam a economia brasileira. Uma reforma preterida tem sido a industrial. Em agosto passado, um pacote fiscal beneficiou alguns segmentos. Isto não é bem visto internacionalmente. Sem dúvida que o déficit comercial de janeiro é pela timidez do governo federal em atuar na direção de verdadeiros estímulos industriais.

Tomando como exemplo as relações com o segundo maior parceiro comercial, já que a China há dois anos se tornou o primeiro, os produtos nos Estados Unidos custam até três vezes menos do que no Brasil. A combinação do dólar barato, imposto alto e custos de produção e logística elevados, tem levado milhões de brasileiros a gastar bilhões no exterior. Assim, US$21,2 bilhões foram os gastos dos brasileiros no exterior no ano passado, o maior valor desde 1947. Por outro lado, 1,5 milhão de nacionais visitou os Estados Unidos em 2011, um crescimento de 20% em relação a 2010.

Um tênis com valor base de produção de R$100,00, importado pelo Brasil, seja da China, dos Estados Unidos, recebe uma elevação de 120% só por causa dos impostos, sem contar a margem de lucro dos varejistas e os custos administrativos. Custo, seguro e frete, 10%; IPI, 5%; imposto de importação, 35%; ICMS, 18%; subtotal de 177,99%. Mais COFINS, 3%; PIS, 1,65%; ICMS (nota fiscal), 18%. Total R$220,94.

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