15/02/2012 - GREVE DE POLÍCIA


A Constituição Federal do final de 1988 não permite a greve de militares. Isto é, de trabalhadores armados, porque seria uma covardia deixar sem segurança a população. Tampouco, garante-lhes o direito de organização sindical. Na maioria dos países é assim. No entanto, devido aos baixos salários e os riscos da profissão, desde 1990 que eles fazem episodicamente greve pelo País. Nestes mais de vinte anos, líderes sindicais têm mantido contatos com outros sindicalistas entre Estados da Federação. Dessa forma, uma onda de paralisações começou a ser articulada no final de dezembro, com movimentos articulados entre Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Alagoas e Bahia. Na verdade, os movimentos tinham como meta a votação da Proposta de Emenda Constitucional 300 (PEC 300), pelo Congresso, aguardada há mais de três anos, a qual vislumbra a possibilidade de se fixar um teto salarial nacional. Referida reivindicação é justa. Porém, os Estados a barram, através dos seus deputados, alegando não ter recursos para pagar a elevação dos vencimentos.

A tática das associações de policiais se tornou na definição do Mapa da Greve, que, desencadeada, teria um efeito dominó em todo o Brasil. Às vésperas do Carnaval, naquele que é considerado o maior do mundo, na Bahia, dez dias de greve transformaram o Estado em palco de terror. Foram registradas cenas de vandalismo, como saques e lojas, incêndios de ônibus, assassinatos em série e até uso de mulheres e crianças como escudos humanos, em confronto com as forças armadas. Durante o rescaldo baiano de dez dias de horror, foram assassinados mais de 200 cidadãos. Isto é, mais de 10 por dia. Até ontem o Departamento de Homicídios da Bahia já conseguiu identificar policiais militares que executaram 30 pessoas durante a greve. Além do mais, seguranças clandestinos são investigados por homicídios.

No final de janeiro e até o dia 9 de fevereiro, policiais militares armados ocuparam a Assembléia Legislativa da Bahia. Escutas feitas pela Secretaria de Segurança, divulgadas pelas televisões e a grande imprensa, revelaram ligações nas quais os diálogos dos grevistas eram os de manter o movimento para não permitir os carnavais da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, irradiando-se por todo o Brasil. Tais revelações levaram ao fim do movimento na Bahia. Mesmo assim, no dia 10 a greve e a intenção de não permitir o carnaval carioca, de policiais militares e bombeiros no Rio de Janeiro, foram decididas por assembléia com cerca de dois mil componentes, contra um contingente de mais de 70 mil policiais. Entretanto, embora esta continue por cinco dias, encontra-se esvaziada por reais objetivos revelados e não se prolongou por mais Estados.

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