29/01/2018 - O MERCADO MUDOU E NÃO SE TEM AINDA BOM CANDIDATO
O chamado mercado de forças produtivas, conduzido pelos
grandes capitalistas nacionais, não vê em Lula, ora condenado em segunda
instância, como o presidente que iria realizar a gestão bem sucedida da década
passada. Antes mesmo de ser eleito, em 2002, ao fazer compromisso com os
empresários de que respeitaria contratos, o mercado gostou muito de sua
atuação, mesmo engolindo o “mensalão”, quando o aliado Roberto Jefferson
denunciou o esquema de compra de parlamentares para ter maioria no Congresso.
Lula foi reeleito, em 2006. Ficou claro que a bancada ruralista e os
patrimonialistas, em geral, ganharam muito com ele. No segundo mandato
(2007-2010), criou a “Nova Matriz Econômica”, quando estimulou a criação dos
“campeões nacionais”, mediante crédito farto do BNDES, bem como fortaleceu o
Estado na economia. O seu bom desempenho econômico em oito anos, PIB se levando
em média 4% anuais, fizeram a maioria do povo brasileiro, segui-lo e de eleger
Dilma. Dilma reforçou a citada “matriz”, ao ponto de desequilibrar as finanças
públicas, contra leis aprovadas pelo Congresso, apresentando “preconceito
ideológico”, no mesmo sentido de perder a maioria congressista em 2014, além de
ser reeleita naquele ano, mediante estelionato eleitoral. Isto é, mentiu,
dizendo que as finanças estavam muito bem, quando existiam buracos escondidos, revelados
pelos déficits primário, desde ao seu primeiro ano de governo, 2011, estava escondido,
até 2014, prolongando-se até hoje e que ainda acontecerá no próximo ano. Lula
saiu, desde então, em defesa de sua “cria”, fazendo o mesmo discurso de antes
de 2002, de que operaria com crescimento do Estado, não faria ajuste fiscal e
se vingaria das “elites”.
Depois do imenso escândalo de corrupção, em 2014, revelado
pela operação Lava Jato, sendo Lula já condenado em segunda instância, pelo seu
envolvimento e em mais de dez processos da espécie, o mercado revelou que não
mais o apoiaria. A oito meses das eleições, não se tem a mínima idéia de quais
serão realmente os candidatos presidenciáveis mais viáveis, embora já se tenha
mais de uma dezena de pré-candidatos. O cenário não ajuda a nenhum capitalista
planejar, muito menos de executar. A previsão do FMI, feita agora na reunião
anual do Fórum Econômico Mundial, de que a economia somente crescerá 1,9% este
ano, demonstra que há uma inércia de acreditar no sistema produtivo, pela falta
de verdadeiro planejamento para retomada sustentável. Os empresários não
investem e o Estado também não está investindo como deveria em infraestrutura.
Por seu turno, nos países do mundo rico, os impostos estão baixando e aqui se
elevando para próximo de 34% nos grupos corporativos. Os Estados Unidos
reduziram tributos de 35% para 21%, em dezembro. Na OCDE, grupo de países basicamente
europeus, a média da carga tributária caiu de 32% para 24%. Isto também tem
afastado os investimentos estrangeiros. O novo governo é uma incógnita e o
mercado fica retraído e todos sofrem pela relativa estagnação (inércia), após a
decadência desde 2014.
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