14/01/2018 - FACTÓIDE DA NOTA REBAIXADA




A equipe econômica tem se referido ao rebaixamento da nota brasileira para BB-, pela agência de risco Standard & Poor’s, como sinal de que confia que as reformas no Congresso sejam aprovadas, até mesmo para atender os ditames do capital financeiro, que é imperialista. Demonstra que até gostou, visto que a perspectiva da referida agência é de estável. Por outro lado, as agências de risco não mudam de nota toda hora. Geralmente, uma vez por ano. Aguarda-se que as agências Fitch e Moody’s também rebaixem a nota brasileira. Como factóide, citada equipe mostra aos congressistas que isso é intimidação velada. No fundo, a dita equipe quer angariar novos votos, para sufragar a reforma da Previdência, visto que tem menos de 300 e precisa de 308. Calcula-se que precisa de mais 30 votos. O governo federal passou a ver no corte da nota brasileira um forte aliado para aprovar seus projetos de reformas.

A dívida pública teve forte conteúdo de financiamentos externos, desde a consolidação imperial em 1824, mediante financiamentos dos ingleses e aceitação do Brasil de pagar a dívida portuguesa. Atraso global, para uma nação nascente. Mas, a redefinição de nação amiga e capitalista, principalmente depois de 1946, o crescimento da economia brasileira iria contar bastante com financiamento externo, notadamente na etapa da ditadura militar (1964-1984). Contudo, abalado o governo pelo primeiro choque do petróleo, em 1973, até 1979, depois do segundo choque do petróleo, ficou difícil continuar via dívida externa como principal fonte de financiamento.  A tradição era o País ter sido considerado no grau especulativo, desde os primórdios e que está agora. Após o Plano Real, em 1994, a nota brasileira passou a ser reconsiderada. A era Lula, a partir de 2003, iniciou o Brasil com B+. Presumivelmente, B é de bom. Porém, precisa de três BBB para ser bom mesmo. Três BBB- já coloca no grau de investimento. Em 2004 passou a BB-. Repetido em 2005. Em 2006 ficou em BB. Em 2007, BB+. Selo de bom pagador do Brasil aconteceu em meados de 2008, quando atingiu BBB-. Atingiu o ápice de 2011 a 2013 com a nota BBB. Porém, caiu para BBB- em 2014, para BB+ em 2015, para BB em 2016, mantido BB em 2017, caindo agora em 2018 para BB-. Assim, o País voltou a ter a nota de 2005, data da arrancada para o conceito de bom pagador.

No fundo, não há a importância que se quer dar ao rebaixamento em tela. A dívida externa hoje é menor do que 10% da dívida total e o País tem US$380 bilhões de reservas internacionais. Se houver ataque especulativo resistirá. Não é como o Brasil dos séculos passados.

O que está por trás da nota rebaixada é o desejo dos agentes capitalistas em tornar o Brasil um país viável do seu sistema. A essência do lucro e menos governo. Não se duvide de que Donald Trump seja reeleito. Com todas as besteiras que ele diz e faz, sem dúvida, a redução dos impostos nos Estados Unidos o tornou mais popular e mais confiante pelas classes dirigentes.

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