11/01/2018 - ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Simples assim. Uma economia sustentável é aquela em
crescimento expressivo, mediante baixa taxa de inflação, reduzida taxa de juros
e governo administrando bem seu fluxo de caixa. Um país desenvolvido,
amadurecido, rico, cresce a taxas ligeiramente superiores ao incremento
populacional. Um país emergente ou um país pobre precisa crescer a uma taxa bem
maior do que a taxa populacional. Entretanto, ocorre uma ironia, quem mais precisa
é quem menos cresce. Atualmente, a taxa média mundial de crescimento foi de 3%,
em 2017, depois de ter crescido a taxas menores, desde a segunda maior crise
mundial do capitalismo (só recordando a maior crise foi a de 1929). Uma taxa
invejável pelo segundo mundo e pelo terceiro mundo.
Quais são as condições necessárias e suficientes para hoje
garantir-se o crescimento sustentável? Os manuais de economia ensinam que é o
melhor exercício da política econômica. Coube a John Maynard Keynes compor o
clássico “Teoria geral, dos juros, do emprego e da moeda”. Ou seja, a economia
sendo definida no curto prazo, porque “no longo prazo, todos estaremos mortos”,
nas palavras do próprio Keynes. No curto prazo, as principais políticas compõem
a tríade ou o tripé de sustentação da economia: política monetária cambial e
fiscal. No caso brasileiro, traduzida pelo sistema de metas da inflação, câmbio
flutuante e superávit primário (fiscal).
Depois do Plano Real, que estabilizou a economia brasileira,
em 1994, já se tinha a pressuposição de que se deveria ter nova moeda,
controlada pelo Banco Central através da taxa básica de juros, para não elevar
a inflação; câmbio flutuante, para definir o realismo cambial, além de saldo
positivo entre receitas e despesas do governo central. Os demais entes de
governo deveriam seguir as mesmas regras.
O artigo de ontem, de Miriam Leitão, no jornal O Globo se
inicia assim: “Urgência da hora” (título). “A história fiscal do País foi
quebrada em 2014 com a entrada na era dos déficits altos e crescentes. A série
do Banco Central, iniciada em 1991, mostra que no período Dilma-Temer o País
entrou numa anomalia tão grande que exige o uso de armas mais poderosas do que
os pequenos pacotes de ajuste. Houve uma mudança na natureza da crise, é
preciso muito mais ousadia para enfrentá-la. Durante os 23 anos que vão de 1991
a 2013 o País teve superávit primário em 22 deles e um pequeno déficit de 0,25%
do PIB em 1997. Nessa longa temporada de mais de duas décadas, o País
incorporou na contabilidade parte da dívida que estava fora das estatísticas e
assumiu os chamados esqueletos. Por isso, a dívida aumentou inicialmente. Os
superávits permitiram que ela ficasse estável e, depois caísse. Nos últimos
anos, entrou numa escalada que atingiu níveis perigosos. Este é o quinto ano de
déficit. Estão projetados resultados negativos para os próximos dois. Serão,
então, sete anos de vermelho nas contas.” Dessa forma, mesmo que o câmbio seja
flutuante e realista; mesmo que a inflação seja pequena e sobre controle para
os próximos quatro anos projetados, o sistema de caixa do governo federal está
quebrado. Um regime de caixa deste não permite investimentos públicos de monta.
Portanto, não lhes seguem os investimentos privados e a taxa de crescimento por
longo período será baixa.
Comentários
Postar um comentário