12/01/2018 - INFLAÇÃO FREADA
A inflação brasileira, antes de 1994 era muito alta, chegando
ao absurdo de 2.500% durante o ano de 1990. Em 1994, a implantação do Plano
Real, derrubou a inflação para um dígito. No primeiro mandato de FHC, a
inflação estava controlada, de 1994 a 1998, pela âncora cambial. Isto é, havia
a dolarização da economia e o câmbio tinha intervenção do Banco Central nas
bandas cambiais. Quando o dólar subia muito, o BC entrava vendendo, para forçar
a baixá-lo; quando o dólar caia muito, o BC ingressava no mercado comprando,
para levá-lo ao equilíbrio. Por ter havido um ataque ao real, as reservas
praticamente se extinguiram, forçando o governo a abandonar a ancoragem cambial
e adotar o sistema de metas de inflação em 1999. Daquela época até 2016, o
centro da meta com viés de 1,5% para o piso e viés de 1,5% para o teto, tinha
lugar comum de chegar perto ou de vazar o teto, nunca tinha sido vazado o piso.
Ocorreu isso, pela primeira vez, em 2017, quando a inflação alcançou 2,95%, conforme
números oficiais, divulgados pelo IBGE.
A baixa inflação, no acumulado do ano passado, foi principalmente
explicada pelo comportamento dos preços dos alimentos e de bebidas, que têm o
maior peso no cálculo do índice. Houve elevação de 30% da safra agrícola deste
ano. Os alimentos ficaram 1,87% mais baratos e impediram que a inflação
avançasse ainda mais. Por exemplo, o feijão caiu 40%; o arroz desceu 11%. Na
contramão houve fortes aumentos no preço do botijão de gás (15%), planos de
saúde (14%), creche (13%), gás encanado (11%), água e esgoto (11%), ensino
médio particular (10%), energia elétrica residencial (10%), gasolina
(10%).
O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
afirmou que a inflação de 2017 mostra que o Brasil pode dar continuidade ao
processo de recuperação do crescimento econômico, saindo da maior recessão da
história, segundo ele, voltando a gerar empregos e de que a inflação projetada
pelo Banco Central, para os próximos anos será baixa, o que poderá trazer uma
decolagem.
Ledo engano. Não obstante o câmbio esteja favorável,
provocado principalmente por mega superávit da balança comercial, atual e
projetado, o déficit primário da União existe há quatro anos e poderá acontecer
nos próximos quatro anos. As finanças públicas estão desajustadas e os governos
terão escassos recursos para investir. Logo, pela lógica o crescimento dos
próximos anos será pequeno. O tempo de uma década é o que se terá para a
economia voltar ao nível de renda per capita de 2013. Isto é, em 2023.
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