28/07/2017 - APAGÃO FISCAL
Muitos escreveram e falaram nestes dois dias sobre o
resultado fiscal do primeiro semestre, de – R$56,09 bilhões, sendo o pior saldo
em 21 anos. As arrecadações foram de – 1,2% e as despesas de 0,5%. Quer dizer,
o contrário do que governo central se tem referido, de que está ganhando a
política fiscal. Embora a expansão nominal dos gastos, conforme lei de teto de
despesas públicas, autorizada pelo Congresso, seja de 7,2%, o rombo do primeiro
semestre alcançou 4,8%, podendo se concluir pelo ganho. Entretanto, tem-se que
ver o ano fiscal como um todo, que tem déficit primário aprovado de R$139
bilhões, sendo difícil conseguir proezas, visto que é no segundo semestre que
elas se proliferam. Assim, o problema se torna gravíssimo, quando o déficit de
12 meses, agora conhecido, alcançou R$180 bilhões. O maior já visto. O susto
está sendo muito grande, além das expectativas de receitas estarem sendo
frustradas. A repatriação esperada era de R$18 bilhões e, perto de encerrar o
prazo, está em R$3 bilhões. O novo REFIS teria como expectativa R$10 bilhões e
hoje, após projeto desfigurado no Congresso se espera pouco mais de R$300
milhões. O projeto de legalização dos jogos não poderá acontecer a aprovação
neste ano. As receitas com os bilhões dos leilões de campos do petróleo também
não. A briga judicial com a CEMIG, que poderia gerar bilhões de receitas, está
sendo adiada para o próximo exercício. O Programa de Demissão Voluntária (PDV)
ficou para o próximo ano.
A falta de recursos para fazer passaportes, no final de
junho; as informações de que alguns ministérios somente têm recursos para dois
meses; a liberação de bilhões para as emendas parlamentares, que, em julho, tem
sido maior do que nos cinco meses anteriores; a transferência de votação da
reforma da Previdência, que muitos a querem para depois de 2018. Enfim, um
pânico instalado fez ontem o governo reconhecer que não poderia pagar R$22
bilhões dos reajustes salariais dos servidores públicos, previsto para este
ano, fizeram o governo afirmar que irá adiá-lo para o ano que vem. Ademais, em
face de tal notícia, o funcionalismo público já está ameaçando com greve geral;
a população está aborrecida com o reajuste médio de 10% dos combustíveis; a
popularidade de Temer em queda; Impeachment do presidente da República sendo
proposto em etapas. Não se é de duvidar mais de que o País poderia ainda estar
em recessão, completando o seu terceiro ano de caos fiscal e de infelicidade de
muitos de mais de 14 milhões de desempregados e mais de pelo menos 10 milhões
na informalidade, segundo dados do IBGE. Ah! A operação Lava Jato continua
fazendo estragos com a apuração de delações dos executivos da Odebrecht.
Conforme é esperado, os resultados de por um fim da corrupção sistêmica estão
trazendo também a recessão, mas terá efeitos benéficos nos próximos anos, pelos
contratos de compliance que as empreiteiras farão para os anos futuros.
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