27/07/2017 - FORÇA RURALISTA
A história mostra a força ruralista desde 1500. Até 1930, a
economia brasileira era movida no modo de produção dominante de uma economia
primária e exportadora. Vale dizer, na etapa colonial existiram os ciclos
agrários gerais da cana de açúcar, da mineração, da pecuária, do café, bem como
ciclos regionais da borracha, do algodão, do arroz, do fumo, sisal, cacau e,
mais recentemente, da soja e do milho. Cada um tem sua história de euforia,
crise, decadência, recuperação e assim por diante. Na etapa colonial era
predominante, assim como na república velha (1889-1930), a do café com leite. A
partir de 1930, a indústria ganha força e começa a repartir a força com a
agropecuária, até 1985, quando o PIB industrial alcançou 25% do PIB global. As
crises do petróleo dos anos de 1970, principalmente, em 1973 e 1979, levaram a
indústria a recuar e a agropecuária voltar a progredir, sendo o agronegócio
hoje 23% do PIB e a pequena produção por volta de 10%. Assim, 33% é um peso
muito considerável, em relação à indústria com 10% e comércio/serviços com 53%.
Já a representatividade na Câmara Federal é bem maior do que
a expressão de 23% no PIB do agronegócio. Dados recentes indicam que há 211
deputados favoráveis a eles, o que representa por volta de 41% dos 513
deputados. Por seu turno, o presidente Temer tem atendido inteiramente aos seus
interesses, em detrimento da preservação de recursos naturais do País e
daqueles da pequena produção e ocupando terras devolutas. Retrocessos que
recomeçaram a se agravarem. Três medidas demonstram isso. A primeira, através
de Medida Provisória (MP) foram estabelecidas novas regras de regularização
fundiária que poderão distribuir benesses a quem se aproveita da grilagem na
Amazônia, mediante distribuição de benesses. O texto da MP permite que se
legalizem terras invadidas até 2011, quando o limite anterior era 2004. A
segunda enviou projeto de lei que prevê a redução de 349 mil hectares (área
maior do que o dobro da cidade São Paulo), da floresta nacional de Jamanxim, no
sudeste do Pará. Irá beneficiar possíveis grileiros, que desmatam a unidade de
conservação. A terceira é a de encampar a tese de “marco temporal” de
territórios, que paralisa centenas de processos de terras indígenas. Os índios
não podem reivindicar áreas que não estavam ocupadas e, portanto, eram
devolutas.
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