14/07/2017 - BOLSA EMPRESÁRIO
O capitalismo no Brasil, no dizer de FHC, em inúmeros dos
seus escritos, antes de assumir a presidência, é de um modelo dependente
associado. Dependente porque os empresários capturaram o Estado e vivem criando
fórmulas de obterem subsídios. Associado porque flutua como periférico, na
órbita do centro financeiro internacional. O setor agrícola sempre teve
subsídios para financiamentos de safra. Impunha-se “único” até 1930. Nesta
semana foi lançado o Plano Safra, mediante taxas de juros de 6,5% e 7,5% ao ano,
claramente subsidiadas. O golpe militar de 1930 fez com o setor industrial
viesse a crescer, mediante subsídios para a substituição de importações.
Agricultura e indústria “protegidas” pelo Estado. A urbanização forte, a partir
de 1950, organizou o setor de comércio/serviços caudatário dos outros dois
setores. No relacionamento do capital com o trabalho, coube à era Vargas também
“proteger” a classe trabalhadora, sem que deixasse de haver a hegemonia da
classe capitalista.
Na expressão de Antônio Delfim Netto (89 anos), em artigo
quinzenal da Folha de anteontem, retira-se a síntese de que: “A propriedade
privada e a existência da moeda permitiram uma fantástica acumulação de
riqueza, o que corrompeu o poder político, subordinando-o ao capital.
Quebrou-se assim a ‘paridade de poder’, entre ele e o trabalho, que é o
equilíbrio da sociedade civilizada”. Há poucos dias atrás Delfim já tinha dito
em entrevista na Folha de segunda feira, que o Congresso é dominado pelos
grandes capitalistas, conforme se comprova com investigações em curso da PF.
Mesmo com o cunho de neoliberalismo, que Michel Temer quer
dar a sua gestão, visto que tinha escolhido para presidente do BNDES, a
demissionária empresária Maria Sílvia Bastos Marques, quando está formulou há
cerca de um ano, um novo modelo de taxa de juros de longo prazo (TLP), para
adequar, paulatinamente, os financiamentos do BNDES à realidade da taxa média
do mercado, ou seja, substituindo a taxa de juros de longo prazo ora vigente
(TJLP), que inclui forte subsídio ao grande capital, seria substituída pela TLP.
O novo presidente Paulo Rabello de
Castro vinha sendo contra (agora já não é mais) a mudança da Medida Provisória da
TLP. Vale dizer, contra ao subsídio por volta de 4%, que o grande capital tem
do BNDES, em pelo menos uma década. Ao acesso aos créditos do BNDES desse nível
se chama de Bolsa Empresário. Isto é, historicamente, vem sendo escolhidos
“campeões nacionais”, para formar grandes conglomerados, subsidiados pelo
Estado, tal como isto consta da delação premiada do maior grupo empresarial
nacional, o JBS, que mostrou o desvario de tantos subsídios federais.
Anualmente, o Programa Bolsa Empresário é de mais de R$30 bilhões, como
subsídio. Valor superior ao gasto com o Programa Bolsa Família, que atende a
mais de 40 milhões de cidadãos. Os subsídios do BNDES não passam por aprovação
do orçamento anual. São “mágicas” do grande capital privilegiado, tal como a
façanha de dividendos das S/A não pagarem imposto de renda.
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