08/07/2017 - DEFLAÇÃO MENSAL DEPOIS DE 11 ANOS

O dragão da maldade é a inflação. Ela é o aumento geral e persistente no nível geral de preços. O Brasil, na década de 1980 para de 1990 passou por um processo de elevadíssima inflação até hiperinflação. Inflação desembestada, acima de 100%, depois de 1980 e ultrapassou 2.500% em 1993, hiperinflação e loucura geral. Medida mês a mês pelo IBGE, raríssima vez registrou deflação (inflação negativa) como ocorreu em 1986, no Plano Cruzado. Mas, foi justamente este, o Plano Cruzado, que congelou preços e salários, que jogou mais fogo nas ventas do dragão. O Plano Real deu fim à inflação inercial (inflação subia porque subia), para acabar com a expectativa de alta continuada de preços. A inflação civilizada é de um dígito anual, mediante pequenas, minúsculas, elevações mensais. Se houvesse desinflação, ela também seria minúscula, mas ainda positiva. Portanto, pequena inflação denota demanda agregada maior do que oferta agregada e assim que funcionam os países desenvolvidos. Ao contrário, acontece desinflação ou deflação. No Brasil, a deflação agora aconteceu em junho, de taxa mensal pequena, de - 0,23%, em decorrência do processo recessivo pelo qual passa a economia brasileira. Quer dizer, a demanda fraca, menor do que a oferta, fez com que os empresários diminuíssem os preços para ajustarem à demanda.

O IBGE calcula o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), uma cesta de bens das 13 maiores regiões metropolitanas do País. Faz uma média das médias regionais e apresenta o número todo mês. Por exemplo, em Salvador foi de – 0,08%.

O resultado final de – 0,23% é o mais baixo para o mês de junho, desde o Plano Real (01-07-1994). É o primeiro resultado negativo para qualquer mês, desde junho de 2006, 1que foi de – 0,21%. O IPCA, portanto, nunca foi tão baixo como das duas últimas duas décadas. Conforme o IBGE, o primeiro semestre do ano fechou em 1,18%, bem menos do que os 4,42% registrados em igual período do ano passado. Considerando-se os primeiros semestres do ano, é o resultado mais baixo da série. O IPCA foi para 3%, abaixo dos 3,6% relativos aos 12 meses imediatamente anteriores. O resultado de junho de 2016 foi de 0,35%.

Olhando a taxa SELIC de 10,25% e a inflação dos 12 meses, a taxa real de juros da economia é de 7,04%. (A formula é 1 + r = 1 + n / 1 + i, onde r é taxa real; n é taxa nominal e i é inflação). Seria uma das mais altas do mundo, senão a maior. Portanto, o Banco Central em sua próxima reunião irá reduzir a SELIC. O mercado fala em 1%. Pode ser. Será?