28/09/2016 - ANALISE DO BC APONTA REDUÇÃO DE JUROS



Em reunião, de ontem, em São Paulo, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, ao apresentar o Relatório Trimestral da Inflação, admitiu que o órgão pudesse reduzir agora em 19 de outubro a taxa básica de juros, visto que há espaço para isso. Porém, a redução seria mínima, de 14,25 para 14%, segundo o mercado financeiro. Primeiro, a taxa inflacionária vem caindo desde janeiro, lentamente. Segundo, os preços dos alimentos não tendem a sofrer nova onda altista, por melhores previsões de safras. Terceiro, é grande a possibilidade de aprovação da PEC 241, fixando o corte de gastos públicos. A ideia é de que a SELIC caia também lentamente. Mesmo sem essa terceira hipótese, o BC abre caminho para cortar juros. As estimativas do BC são de inflação de 7,3% em 2016; de 4,4% em 2017 (abaixo do centro da meta de 4,5%); de 3,8% em 2018. Os juros básicos chegariam a 11% no final de 2017. O PIB encerraria a recessão de três anos, em – 3,3% neste ano e cresceria 1,3% em 2017, enquanto o governo central prevê elevação de 1,6% do PIB.

No mesmo dia o Instituto Millennium, centro de estudos que defende ideias neoliberais, ouviu dois ex-dirigentes do BC, hoje empresários da área financeira. Eduardo Loyo, que foi diretor entre 2003 a 2005, afirmou que o ajuste fiscal teria como bônus a colocação de taxa de juros mais baixa, de maneira permanente, conforme o Brasil almeja há anos sem êxito, pressupondo que gastos públicos contidos pressionariam menos a inflação, além de estimular o investimento. Gustavo Franco, presidente do BC de 1997 a 1999, atualmente como dirigente da gestora Rio Bravo, acredita que a taxa de juros, hoje em 14,25%, acompanharia a queda da despesa pública, após a PEC 241 aprovada. Assim, projeta que em dez anos estaria a SELIC em 6% anuais. Fez analogia com os efeitos diretos do Plano Real (1994), que acabou com a hiperinflação, quando houve grande crescimento do valor de mercado de ações da BOVESPA. Declarou, ainda, que “Outra rodada der valorização pode acontecer se a taxa de juros atingirem o nível mais próximo de 4%. Foi desse jeito que países da periferia da Europa, como Portugal e Espanha, ficaram ricos”. Nem tanto, nem tão pouco. Juros baixos são necessários para o crescimento econômico, mas a tradição brasileira é de juros altos e esta poderia ser quebrada, para juros permanentemente baixos, se as reformas econômicas propaladas, tais como a política, a tributária, a dos gastos públicos, a da previdência social, a trabalhista, a das parcerias públicas privadas, a da melhoria do ambiente geral de negócios, a da desburocratização, dentre outras. São muitas e difíceis. Enfim, que os juros caiam no longo prazo de forma “permanente”, voltando a estabilizar a economia, é o que seria desejável.

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