24/08/2016 - CONTA GOTAS



Na medida em que o a economia brasileira passa pela planície da curva de “U” do ciclo econômico, as instituições financeiras consultadas semanalmente pelo Banco Central (BC), cerca de 120 delas, informam como em um aparelho de conta gotas do ingresso no processo de recuperação. Para 2016, está mantida a projeção de PIB de – 3,2%. Se confirmada a estimativa, o biênio recessivo 2015-2016 cravará – 7,25% de recuo. Nada garante ainda que em 2017 haverá crescimento econômico. O governo, como sempre otimista, projeta em seu anteprojeto de orçamento anual, a ser enviado até o próximo dia 31, um incremento de 1,6%. Referidos formadores de opinião sempre vem um pouco abaixo, mas elevaram a sua última projeção de 1,1% para 1,2%, que é exatamente a última projeção governamental.  Para a inflação de 2016, a projeção foi mantida em 7,31%, sendo a estimativa de 2017 recuado de 5,14% para 5,12%. Ainda em 2017 não se chegará à meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que recuou de 6,5% para 6% anuais. Para o próximo ano, o viés a ser acrescido ao centro da meta deixou de ser 2% e passou a ser de 1,5%. As expectativas do aumento do PIB e recuo da inflação são as racionalmente desejáveis. Isto porque a teoria econômica apregoa de que, quanto maior o incremento do PIB deverá ser menor a inflação Tais estimativas fazem parte do Boletim Focus, uma pesquisa semanal sobre os principais indicadores da economia e divulgados nas segundas feiras. O BC não se arvora a prever o desemprego, visto que seria desejável o que na teoria econômica se chama de curva de Philips, de que, quanto maior o crescimento menor o desemprego, já que é sabido que o desemprego ainda irá elevar-se pelo seu conhecido efeito retardado.

Nos próximos dois dias se terá o julgamento final do impeachment da presidente Dilma. Mesmo sem o seu desligamento formal, a equipe econômica continua também com o aparelho de conta gotas da política fiscal. Aspira à aprovação do teto dos gastos pelo Congresso, de acordo com a inflação do ano passado, tendo em vista a redução das despesas, visto que as receitas recuaram muito mais do que os números referidos acima do biênio recessivo, admitindo eles ainda déficit fiscal até 2018. Deixou sinuosas suas propostas de que não fará o equilíbrio com aumento de impostos, mas o mercado sabe muito bem que ele lançará mão de aumento das alíquotas da CIDE, talvez do IOF, talvez de criação de algum novo tributo, seja sobre fortunas, heranças, na legalização de jogos, os que mais têm sido cogitados. Descarta a CPMF, mas o anteprojeto de Dilma ainda está no Congresso, Por seu turno, nestes dias, recuou dos reajustes do funcionalismo, pedindo ao Senado que postergue a votação. Citados últimos sinais, de contenção de despesas são claras demonstrações de que, depois da interinidade, serão lançadas medidas de redução de gastos e perseguição de superávit. A equipe econômica se refere a 2019, mas não será surpresa se quiser obtê-la ainda em 2017, visto que houve muito até agora jogo de cena, pela própria situação de interinidade.

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