11/08/2016 - RIO CORRE PARA O MAR DE DÍVIDAS
A economia matemática examina condições lógicas e trabalha em
várias dimensões, em trabalho dedutivo da realidade, executando com material
teórico e não empírico, sendo esse último trabalho o da econometria. A economia
matemática examina todas as possibilidades, tanto no campo do real como do
imaginário, o que se chama de o conjunto dos números complexos. Em um problema
econômico, portanto, a solução assim encontrada pode ser sem sentido. A
econometria trabalha com estatísticas de projeções, no conjunto dos números
reais, para que haja sentido, mesmo que perverso. A econometria governamental
favorece os mais fortes. Veja-se agora a situação do projeto de negociação das
dívidas dos Estados. Em 1997, o governo de FHC negociou por vinte anos e
beneficiou os mais endividados. Quais foram os mais endividados. Os Estados
mais ricos. Agora, vinte anos depois, os Estados mais fortes tem forçado a
União à renegociação por mais vinte anos, da dívida de todos e, novamente,
eles, os ricos serão beneficiados. Hoje em dia, os Estados de São Paulo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul possuem 80% da dívida conjunta.
Somente São Paulo responde por 45% dela. O Estado mais pobre do País, o Piauí
tem “zero” (número não significativo) de dívida. E, assim por diante. Ademais,
a União tinha feito projeto de lei com a proibição de concurso por dois anos e
reajuste dos servidores no mesmo período. Agora, a União recua, no mesmo
sentido histórico de continuar beneficiando os ricos.
Tal prática vem da história econômica brasileira. O modelo
brasileiro agrário exportador (1500-1950) gerou divisas, isto é, receitas em
moedas estrangeiras, que foram aplicadas principalmente em importações para as
regiões mais ricas. As desigualdades regionais foram ocorrendo, acentuando-se,
na medida em que se davam as imigrações para elas, sendo mais divisas
destinadas ao crescimento urbano e industrial de megalópoles, tal como São
Paulo, bem como em centros dinâmicos da economia das regiões do Sul-Sudeste.
Tal prática acontece com a dívida pública desde 1822, quando
foi renegociada a dívida de Portugal, para atender exigências inglesas, em
detrimento do conjunto que é o Brasil, para assumi-la, sendo rolada até hoje.
Ganham os endividados, por estarem sempre renegociando, pagando a União, por
assumir o ônus de repactuação, transferindo-o para todo o País.
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