18/08/2016 - LENTA ATERRISAGEM E LENTA DECOLAGEM



Devido aos elevados problemas da contabilidade nacional, o déficit primário do governo, que se reiniciou em 2014, após 18 anos, repetiu-se em 2015, está garantido para 2016 e para 2017. Aprovado pelo Congresso para este ano estão R$170,5 bilhões. Estimado pelo governo para 2017 de R$139 bilhões. No total, projetado pelo mercado financeiro de R$440 bilhões, em quatro anos. Não se projeta ainda a União se haverá déficit primário de 2018 em diante. Mas, o mercado financeiro acredita que só depois de 2020 haverá superávit. Nesse ritmo, a dívida pública será próxima de 100% do PIB. A queda acumulada do PIB de 2015 e 2016 está em 8%. A redução da massa salarial poderá ser de 11% até 2020. A indústria de transformação representará até aquela data 10% do PIB, regredindo ao nível de 1947. É bom lembrar que em 1956 ela alcançou 16% do PIB. Em1985, a indústria era 25% dele. Já as expectativas dos consumidores, dos investidores e dos mercados estão subindo lentamente. A projeção dos analistas financeiros consultados semanalmente pelo Banco Central é de PIB de 1,1% em 2017. O Projeto de Lei do Orçamento Anual, a ser enviado em no próximo dia 31 contemplará crescimento de 1,6%, em 2017. A estimativa do Banco Itaú é de PIB de 1,9% de 2018 a 2020. Provavelmente, somente em 2022 se alcançará a renda de 2013. Dez anos desperdiçados de incremento de renda. Entretanto, após a votação do impeachment, se confirmado Temer e se o governo fizer as reforma tributária e a reforma dos gastos com êxitos, os resultados poderão surpreender para melhor. 

No artigo de ontem de Mailson da Nóbrega, na Folha, intitulado “Jamais ceder”. Ele considera como causa principal do agravante quadro atual o gasto governamental que subiu absurdamente em termos reais. Considerando 16 anos, cresceu 3,3% no FHC II; 7,5% no Lula I; 9,4% no Lula II e 3,8% no período de Dilma. Dessa forma, para ele: “O teto para o crescimento dos gastos é bem vindo, mas insuficiente... Do lado das receitas, a elevação da CIDE e a cessão de direitos creditórios da União (a chamada securitização da dívida) precisam ser considerados. Vender esses direitos renderia R$55 bilhões. No campo estrutural, é preciso fazer idade mínima para aposentadoria, desindexar benefícios sociais do reajuste do salário mínimo, cortar substancialmente os subsídios e as subvenções, interromper os reajustes salariais e admissões de pessoal. Sem medidas duras jamais sairemos do fundo do poço. O precisa deixar claro seu compromisso inarredável com o ajuste... Que seja esse o compromisso de Michel Temer”. Estaria aí uma resposta do que será feito, a partir do dia 25 deste? Se for, é muito pouco. O governo federal tem que fazer mesmo é a reforma fiscal, que é composta de reforma de gastos (débitos) versus reforma tributária (créditos). O objetivo final é estimular o investimento privado para que o País volte a avançar.

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