31/05/2016 - DIAGNÓSTICO OPORTUNO DA ECONOMIA
Neste mês, que ora se finda, cumpre fazer o que seria o
principal diagnóstico da economia. Por que se chegou ao atual momento crítico
de ter-se afastado por 180 dias a presidente da República e ter-se colocado um
presidente interino? A presidente afastado ficou no cargo 5 anos e 5 meses
incompletos. Pretende-se aqui a recorrer a um diagnóstico-síntese, no qual há
um descompasso entre as receitas da União que, em termos nominais, por exemplo,
na última década cresceu a 9,8%, enquanto as despesas públicas a 12,6%, sendo a
inflação média no período de 5,9%. O resultado crítico foi a ocorrência de
déficit primário desde 2014, passando também negativo por 2015 e explodindo em
2016. É bem verdade que tal déficit vinha sendo escondido há 18 anos, na
contabilidade nacional, ou elidido por elevação de tributos. Porém, os gastos
da Previdência e de programas sociais tiveram o seu grau explosivo detonado na
gestão da presidente Dilma, ficando insustentável a sua continuidade. No resumo
da ópera, mesmo com a estabilidade monetária, advinda com o Plano Real, em
1994, o tamanho do Estado veio crescendo mais do que a arrecadação, fato que já
acontecia desde o fim da ditadura militar (1964-1984). Muitas décadas de
história mostraram isto, cuja expressão tem sido a queda continuada da
colocação brasileira no índice do ambiente geral de negócios do Banco Mundial.
No ano passado, caiu para a 116ª posição entre 189 pesquisados.
A Constituição de 1988, bem como sua legislação complementar,
trouxe uma série de avanços sociais, que implicaram em elevação das despesas
públicas, elevando a carga tributária de 20,3% do PIB, em 1987, para 35,4% do
PIB em 2014, visando não apresentar déficits, conforme recentes cálculos de Maílson
da Nóbrega, Ministro da Fazenda na época do início da série. Ora, retirar de
35% a 36% de carga tributária, reduz a quantidade de dinheiro para movimentar a
economia, comprimindo a produção. Mas, não adiantou e está impossível fugir do
ajuste fiscal, que se iniciou em 2015, ora incompleto. A presidente Dilma, na
eleição de 2010, defrontou-se com uma dívida pública de 51,8% do PIB. Em uma
tentativa de ter maior taxa de crescimento, o seu governo transferiu 10% do
Tesouro ao BNDES, via endividamento, além de rolagem adicional da dívida,
saltando a referida relação em 2015 para 66,5%. Como tem déficit primário no
triênio 2014-2016, a projeção do mesmo Maílson é de que a dívida deverá chegara
80% em 2018. Além do mais, os cerca de R$500 bilhões emprestados pelo BNDES, a
grandes empresários privilegiados, não lograram êxito. Pelo contrário, a
economia entrou em profunda recessão. Para foi o dinheiro emprestado pelo
BNDES? Há duas hipóteses bem prováveis. Parte do dinheiro ficou aplicada na
própria dívida pública, visto que foi tomado a 7,5% e aplicado a uma taxa SELIC
de 14,25% anuais; parte do dinheiro financiou nações de regimes políticos
semelhantes ao brasileiro e de pactos multilaterais. Conforme Marcos Lisboa,
que foi Secretário de Política Econômica do Lula 1 (2003-2006): “A conta dos
subsídios via BNDES chegou a R$313 bilhões de 2008 a 2015, o equivalente a 12
anos do Bolsa Família” (revista Exame, de 25-05-2016, p. 64). Quase o dobro do
déficit fiscal previsto para este exercício ou o correspondente ao triênio
deficitário (2014-2016). Isto é, déficit primário de R$30 bilhões de 2014,
realizado; R$112 bilhões de 2015, realizado; R$170,5 bilhões de 2016, a
realizar. Total aproximado de R$313 bilhões. Coincidência?
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