03/05/2016 - DOCUMENTO DA FIESP
Na semana passada o presidente da
Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, político do PMDB, que
já foi candidato ao governo paulista, apresentou um documento ao provável
presidente Michel Temer, daqui a 8 dias, propondo um monumental corte de
despesas e a venda de parte de estatais para reforçar a caixa do Tesouro
Nacional. Nada de mais tributos. Em abril, a equipe econômica propôs ao
Congresso que altere a lei do orçamento, em vigor, aprovada no início do ano,
prevendo um superávit primário de R$24 bilhões, para nova lei, a ser votada em
22 de maio próximo, que consigne um déficit primário de R$97 bilhões. O
resultado poderá ainda ser pior, já que o rombo acumulado nos últimos 12 meses
ficou em R$142 bilhões. Por que essa catástrofe anunciada? Claro, a presidente
e sua equipe econômica ficaram vendo “a banda passar” e a arrecadação caiu
assustadoramente. A decisão do novo governo deveria ser, em princípio, de
manter o estimado e pequeno superávit primário de R$24 bilhões e anunciar as
reformas estruturais.
As propostas em estudo, sugeridas
pela FIESP são, em síntese, oito. (1) Corte de 68% nos investimentos previstos
no orçamento de 2016. (2) Cortes de 25% nos gastos de custeio relativos ao
material de consumo, diárias, passagens e serviços. (3) Cancelamento de
reajustes e de novas contratações na máquina política federal. (4) Redução dos
atuais R$819 milhões para R$371 milhões na verba destinada ao fundo partidário.
(5) Demissão de 4.000 funcionários comissionados do governo federal, que não
prestaram concurso público. (6) Venda de 49% do controle das estatais como
Correios, Infraero, Eletrosul, Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco. (7)
Fixação de idade mínima de aposentadoria de homens e mulheres em 65 anos. (8)
redução do número de ministérios dos atuais 32 para 20 pastas.
O fato é que não basta trabalhar
só do lado das despesas. Para reativar a economia, não deveria cortar em 68%
dos investimentos. Pelo contrário, ampliá-los. Para tanto, teria que elevar
tributos, como a CIDE. Ressuscitar, ainda que temporariamente, a CPMF. Criar
impostos sobre grandes fortunas e sobre heranças. Fazer as repatriações de
recursos, conforme lei específica, centrando na operação Lava-Jato e, em
derivadas, tais como Zelotes e de atuação do BNDES no exterior. Dinamizar as
concessões para as parcerias público-privadas. Desburocratizar ao máximo, no
que tange aos tributos e melhorar sensivelmente o ambiente geral dos negócios.
É a visão de longo prazo que Temer deverá resgatar, principalmente, fixar teto
para a despesa pública ser inferior ao crescimento do PIB. Isto é, quando o PIB
voltar a crescer, o que é óbvio. Agora, tem que descer o gasto público mais do
que a descida do PIB.
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