26/05/2016 - PRIORIDADES CERTAS E INCERTAS
O Plano Real é o divisor do
Brasil pobre para um país emergente, isto porque estabilizou o sistema
econômico, a partir de 1994. Antes o Brasil passara por uma colonização de
exploração (1500-1922), por um império rural (1822-1889), por uma república
oligarca (1889-1930), uma ditadura industrialista (1930-1945), uma república
democrática (1946-1964), golpeada por uma ditadura militar (1964-1984),
novamente a democracia (1985 até hoje), mas que somente tornou transparentes
suas ações com o Plano Real (1994). Sob o ponto de vista econômico, a era FHC
(1995-2002) aconteceu com um governo razoável, em meio a um cenário
internacional desfavorável. Já a era de Lula (2003-2010) transcorreu como a de
um bom governo, que manteve o tripé econômico de FHC e contou com um cenário
externo muito favorável. A presidente Dilma (2011-2015) iniciou acertando, prosseguindo
com os programas sociais de duas décadas, mas aprofundou as prioridades incertas
da economia, tendo persistido em vários erros que desestabilizaram o Brasil,
conforme revelaram a piora enorme das contas nacionais e que redundou no seu
afastamento de governo. Numa linha de tempo, desde os erros da ditadura
militar, as prioridades certas foram dando lugar às invertidas e, por isso, ele
chegou ao fim. O alto endividamento externo, a matriz energética baseada no
petróleo e as obras faraônicas marcaram aquela época. As prioridades que
ficaram invertidas deles foram, em síntese, para citar as mais gritantes, a
transamazônica, a ferrovia do aço e o trem bala. As prioridades que se tornaram
invertidas agora, na era do PT, foram também obras faraônicas, a contar do
projeto da retomada do trem bala, abandonado, recentemente, por que custariam
R$83 bilhões, passando pela magnanimidade da Petrobras, que se errou em R$34
bilhões, ao querer fazer três refinarias inviáveis, a de Pernambuco, Ceará e
Maranhão, além de perder cerca de US$1 bilhão numa refinaria quebrada em
Passadena (EUA). Ademais, permitiu a hegemonia nela de um cartel de
empreiteiras, com o aval de políticos da base aliada do PT, que praticamente
destruíram a Petrobras, cujos escândalos já estão na 30ª fase da operação
Lava-Jato. Mais a Transposição do Rio São Francisco, que deveria ter sido
efetuada em 2011, tendo consumido R$8,2 bilhões e de resultado incerto, além da
Ferrovia Leste-Oeste, que já consumiu R$2,6 bilhões, quase toda inviável. Há
ainda cerca de R$30 bilhões em gastos de 11 estádios e de obras inacabadas da
Copa de Futebol de 2014 e nos R$20 bilhões (?) da Olimpíada de 2016. Nos
últimos anos, o governo elencou 16.542 projetos do PAC, sendo mais de 14.300 de
obras municipais com 100% de recursos públicos, muitas inacabadas, devendo a União
R$43 bilhões aos municípios. Os erros de Dilma se iniciaram com a interferência
na taxa básica de juros, no aumento do papel do Estado na economia, nos congelamentos
parciais de preços administrados de combustíveis e de energia elétrica, os
quais tiveram de se recomporem com valores bem maiores em 2015. O desacerto
mais oneroso foi do governo Dilma aportar R$500 bilhões ao BNDES, dirigido às
grandes empresas privilegiadas, cujo resultado não se viu na elevação
produtiva, visto que há três anos recessivos. Provavelmente, o dinheiro
emprestado ficou aplicado na própria dívida pública. Um excelente negócio,
tomar emprestado a 7,5% e aplicar a 14,25% anuais no governo. Dessa forma, os
rombos dos desacertos têm aparecido. Em 2014, déficit primário de R$30 bilhões;
em 2015, de R$115 bilhões; para o esperado em 2016, déficit primário de R$170,5
bilhões. O déficit da Previdência estimado para 2016 é de R$134 bilhões. Quanto
se terá de capitalizar a Petrobras, a Nuclebras, a Eletrobras e, o PAC, agora
chamado de Programa Crescer? Sem dúvida a gestão interina de Temer terá de ter
muita austeridade e competência para sanar as falsas e caríssimas prioridades
incertas.
Muito bem escrito esse texto.
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