20/05/2016 - MONTAGEM DO APOIO NO CONGRESSO
Sem aprovação de anteprojetos no
Congresso, o presidente interino, Michel Temer, não conseguirá viabilizar a sua
gestão. Aliás, lembre-se que, além da arrogância e incompetência, a presidente
Dilma foi afastada por não conseguir aprovar suas proposituras no Congresso. Pior
de tudo, a presidente Dilma, pelo seu imobilismo no segundo mandato e erros do
primeiro, deixou despesas escondidas debaixo do tapete e esqueletos nos
armários. A cada dia aparecem mais. O estouro do primeiro mandato se deu quando
fechou 2014 com déficit primário de R$35 bilhões, depois de 18 anos de
superávit. Em 2015 se comprometeu a fechar a meta fiscal de R$66,3 bilhões.
Porém foi recuando, recuando, findando o ano com déficit primário de R$115
bilhões. No início de 2016 previu a superávit primário de R$30,5 bilhões; em
fevereiro de – R$60,2 bilhões; em março de - R$60,2 bilhões; e, já em abril,
admitia déficit de R$97 bilhões. Afastada, pelas pedaladas que escondiam
déficits desde 2011, assumiu em seu lugar, Michel Temer, que tem visto aparecer
muitos bilhões de débitos não ressarcidos, tais como restos a pagar, de
empenhos de anos anteriores; dívidas dos Estados, que querem honrar com juros
simples mais moratória de um ano; buracos enormes no sistema Eletrobras, cujo
balanço de 2014 ainda não foi apresentado em Wall Street, sendo retirada de
negociações. O que virá mais? O déficit previsto cresce todo dia, entre os 7
dias de gestão de Temer, já chegando a – R$200 bilhões. Ele está compondo uma
equipe econômica, cujos nomes são reconhecidos pelos empresários como
competentes, tentando dar um choque de credibilidade, bem como fazer suas
propostas de reformas estruturais viáveis de aprovação legislativa. Veja-se que
mais de 60% dos ministros escolhidos possuem cargos políticos e têm destacada
atuação nas duas casas do Legislativo. A questão é não perder o apoio
indispensável, para concluir a sua administração. Uma opinião da maior
consideração tem sido a do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que
informou à FSP que dificilmente a presidente Dilma reassumirá. Claro, para
isso, Temer tem de fazer uma boa administração. O PT, que não tem nenhum santo,
declarou que fará oposição “construtiva” com os olhos voltados para o
lançamento de Lula, visando retornar ao poder em 2018. Michel Temer declarou,
diversas vezes, que não será candidato à reeleição. Sem dúvida, a declaração
atribuída a John Maynard Keynes, de que, por trás dos políticos eficientes
estão os interesses econômicos majoritários, faz o maior sentido, justamente
nos motivos de que se tratam de competência, eficiência e progresso. Definida a
equipe econômica que, foi bem recebida pelo mercado, principalmente pela base
técnica e que estavam na iniciativa privada, além de Meirelles, que se
encontrava num dos maiores grupos econômicos do País, o JBS, para o Banco
Central (BC) foi indicado Ilan Goldfajn, que estava dirigido a diretoria
econômica do Banco Itaú, doutor em economia pelo MIT, vindo também Mansueto
Almeida, mestre em economia pela UFCE, funcionário de carreira do BC, especialista
em contas públicas, Carlos Hamilton, doutor em economia pela FGV, que já foi
diretor de assuntos internacionais do BC e Marcelo Caetano, economista pela
UFRJ, além de manter reconhecidos técnicos como Alexandre Tombini, que vinha
como presidente do BC, Jorge Rachid, na Receita Federal, auditor desde 1995,
Otávio Ladeira, no Tesouro Nacional, que é funcionário de carreira da
instituição, dentre outros, além de ainda agregar mais nomes de competentes
reconhecidos pelo mercado.
Consultadas as bases, Michel
Temer escolheu André Moura (PSC-SE), para líder do governo na Câmara de
Deputados, aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o qual tenta barrar a cassação de
Cunha na Comissão de Ética. Moura recebeu apoio do “centrão”, bloco de partidos
que reúne 350 dos 513 cadeiras da Câmara, entre eles estão PP, PR, PSD e PTB.
Cunha conta com cerca de 200 votos. O grupo de siglas citadas foi o fiel da
balança na aprovação pela aquela Casa do afastamento de Dilma. O placar da
Câmara foi de 367 votos a favor e 137 contra. Lula governou com 350 deles. Na
esteira de fatos vem a seguir o Senado. Nessas horas há críticas de que o
citado líder responde a 6 inquéritos. O difícil é encontrar um deputado que
seja consensual sem responder a processo. A máxima continua a valer, “de que
até prova em contrário”, o líder estará mantido.
Em suma, depois de sete dias é
aguardado um pronunciamento de Michel Temer, acerca do inventário recebido de
Dilma. Até agora somente enviou balões de ensaio com propósitos de acertos, mas
que necessitam urgentemente de efetividade. Credibilidade, para a maioria do
Congresso ele tem. Mãos à obra.
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