04/05/2016 - FAZER TRICÔ COM QUATRO AGULHAS
Em palestra no dia 02 passado, no
Centro Ruth Cardoso, em São Paulo, Capital, Antônio Delfim Netto, 88 anos,
falou sobre o Brasil em provável governo de Michel Temer: “Ele é a nossa última
esperança. Políticos como Temer, Sarney, Tancredo, Ulysses sabem que é preciso
constituir uma maioria política para sustentar qualquer programa. Temer poderá
fazer alguns ajustes durante dois anos para convencer a sociedade de que o
equilíbrio voltará em três a quatro anos. Se aproveitar a chance, poderá virar
um estadista. Não adianta fazer ajuste fiscal só com cortes nos gastos, que só
produzirá mais buracos. É preciso fazer com que a indústria e as exportações
cresçam. O que destruiu o Brasil foi o aparelhamento do Estado. Ao se eleger,
Dilma adotou a política econômica do seu opositor (Aécio Neves), ao qual tinha
criticado ferozmente durante a campanha. Ninguém acreditou que a presidente
realmente tivesse entregado o Ministério da Fazenda a Joaquim Levy. Ele
acreditou, na verdade ele era uma virgem numa casa de tolerância. Temer é capaz
de fazer tricô com quatro agulhas”.
Na coluna de
hoje na FSP, onde escreve semanalmente há 33 anos, Delfim afirma: “Ninguém pode
estar alegre ou satisfeito com a tragédia política brasileira depois de uma
campanha eleitoral controvertida, que levou o vencedor a adotar o programa
econômico do vencido... a credibilidade de Dilma praticamente se desfez no ar”.
Passou a não agradar nem ao seu PT, que engoliu só um ano de ajuste fiscal
(incompleto) de Levy.
O momento de assumir o comando do
País está muito difícil. Espera-se que Temer não esconda a verdadeira
contabilidade nacional. Procurando fazer o ajuste fiscal, para que o País volte
a ter superávit primário. Não minta com respeito aos direitos trabalhistas,
mantendo-os. Que convoque a Nação para voltar a confiar na geração de empregos,
de renda, de crença dos empresários em fazer novos investimentos, na realização
de infraestrutura, inclusive, com parcerias público-privadas. Ao que parece ele
terá maioria no Congresso para encaminhar as necessárias reformas estruturais.
É aguardar mais um pouco para ver e sentir.
Em paralelo, o que a sociedade
brasileira espera é que a operação Lava-Jato chegue aos verdadeiros culpados e
a estrutura da economia que cerque a Petrobras seja reabilitada. Assim, o
ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava-Jato no Supremo Tribunal
Federal, determinou que trechos da delação do senador Delcídio do Amaral sejam
incluídos no inquérito que tramita desde março de 2015, sobre formação de
quadrilha, chamado pelos investigadores da citada operação de “quadrilhão”,
incluindo até agora 39 políticos federais. Em decorrência, seja instalada a
ação penal, sejam julgados e que a estrutura que ronda a Petrobras volte a
funcionar sem máculas. Isso, certamente, irá contribuir também para o
crescimento econômico nos próximos anos.
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