21/05/2016 - EVIDÊNCIA PREVIDENCIÁRIA
Por que a pesquisa sobre
Previdência Social da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que entrevistou
2.002 pessoas, entre 4 e 7 de dezembro do ano passado ficou congelada por mais
de cinco meses? Aventou-se a hipótese, dentro da própria CNI, que não era o
principal interesse em divulgá-la. Mas, por que a contratou? A pesquisa foi
paga ao Ibope Inteligência, que não faz nada de graça, para compor o dossiê
Retratos da Sociedade Brasileira. Falou-se que os “retratos” não estavam
completos. O fato é que alguém congelou e agora acredita ter divulgado na
melhor oportunidade. É mesmo, não fora a desatualização. As conclusões são de
que 85% dos entrevistados se mostravam contra pagar mais impostos para manter
as atuais regras da aposentadoria e somente 11% seriam a favor, que era o que
queriam, para criar a CPMF. Ora, isso não reforçaria a posição dos industriais
contra a criação de mais tributos, ao ponto da FIESP ter feito e colocado um
pato gigante na porta da sede, na Avenida Paulista. A pergunta ostentada era:
quem vai pagar o pato? Especificamente, contra a recriação da CPMF, outrora
criada com a desculpa para a saúde; hoje poderia ser para a Previdência. A
citada pesquisa revelou que 75% dos que a responderam, discordaram de que os
trabalhadores se aposentam cada vez mais tarde, perante o cenário de que as
pessoas estão vivendo cada vez mais. Aposentam-se cada vez mais cedo, devido à
legislação específica. Entretanto, 65% dos entrevistados concordaram com o
estabelecimento de uma idade mínima para aposentadoria. Outros 76% dos pesquisados
mostraram que entenderam que há duas regras diferentes de aposentadorias. Diante
disso, 72% deles defenderam a equiparação de regras para homens e mulheres. Assim,
os resultados da pesquisa são favoráveis ao anteprojeto que quer apresentar o
governo, contendo idade mínima e igualdade de aposentadorias para ambos os
sexos, em duas semanas, após pedir às centrais sindicais subsídios para servir
de base à propositura.
Nenhum governo, desde a
Constituição de 1988, alterou estes dois últimos aspectos. Foram cinco
presidentes que mantiveram o tempo de contribuição de 30 anos para a mulher e
de 35 para o homem. Assim, a maioria das aposentadas tinham 48 anos de idade
(começavam na média com 18 anos); a maioria dos aposentados 53 anos (também se
iniciavam na média de 18 anos). Durante a era FHC foi criado o fator
previdenciário, cuja fórmula reduzia o valor do salário e somente era integral
para mulheres aos 60 anos e para os homens aos 65 anos. Esta regra permanece.
No governo de Dilma foi criada a regra alternativa de 85/95.
Segundo o
Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se o projeto não reduzir gastos
futuros com os funcionários da ativa será uma má solução, visto que não será
imposta à sociedade a dita reforma da área. Assim, terão de ser cortadas verbas
nas vinculações constitucionais, tais como da saúde e educação. O que ficou
velado até agora nas reuniões foram às revisões que têm de serem efetuadas também
na aposentadoria rural e no regime dos servidores públicos. A curva demográfica
tem mostrado que nascem menos crianças e pessoas morrem cada vez mais tarde no
Brasil. Assim, cálculos tendenciais de Antônio Delfim Netto e Hélio Schwartsman,
mostraram que em 2013 havia 9 trabalhadores para cada idoso; em 2016, 12; em
2040 caiu para 4 e, em 2060, para 2. O que está acontecendo no Brasil ocorreu
nas sociedades maduras. Ademais, o Brasil ainda tem pelo menos mais 10 anos de
bônus demográfico. A mudança é óbvia e irá juntar-se com as medidas de combate
do inventário de mais de cinco anos de governo Dilma, sem desmerecer a herança
de Lula e de FHC, exposto desde ontem à tarde, em parte, que se verá aqui
amanhã. A propósito, o governo de Temer é o de realmente participação de
ministros da era FHC, Lula e de Dilma, isto é, de composição, de acomodação, e
não, como os do governo do PT, de coalizão.
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