25/05/2016 - CORRIGIR DISTORÇÕES DE GASTOS
Em cerca de pelo menos 18 anos os
gastos públicos tem subido mais do que a inflação. O Ministério da Fazenda
apresentou ontem que o gasto primário do governo federal se elevou 5,8% ao ano
acima da inflação de 1997 a 2015, passando de 14% para 19% do PIB. Os tributos
também subiram e, em 1999, o governo de FHC fixou o tripé da economia, através
de superávit primário, câmbio flutuante e meta anual de inflação. O PIB de FHC
cresceu à taxa média anual de 2,3%, de 1995 a 2002. O tripé foi mantido por
Lula, que obteve uma taxa média anual de crescimento do PIB de 4%, de 2003 a
2010. Em cinco anos de gestão da presidente Dilma o tripé foi aniquilado. Em
2014, ela registrou R$30 bilhões de déficit primário. Em 2015, R$112 bilhões.
Neste ano, que previu superávit de R$25 bilhões, já em março admitia que seria
um déficit primário de R$96,7 bilhões. O déficit nominal é hoje de 10,5%. Isto
é, as despesas crescem mais de 10% do que as receitas, em termos nominais. A
inflação com ela sempre esteve acima da meta, ultrapassando o teto de 6,5%, no
ano passado (10,7%) e, neste ano, espera o mercado financeiro que seja de 7%. O
câmbio flutuante tem sido mantido pelo Banco Central, através de operações de
swap cambial reverso, com o fito de que ele não se eleve, mas ao nível de 50%
no ano passado, tendo neste ano recuperado 15%. Os déficits que não tinham logo
apresentados foram escondidos na contabilidade nacional, o que ficou conhecido
por pedaladas fiscais. Motivo do seu afastamento por 180 dias do governo,
assumindo Michel Temer como interino. Por
seu turno, o déficit primário foi recalculado para este ano de R$170,5 bilhões,
correspondente a 2,7% do PIB. Temer teve essa nova meta fiscal ontem aprovado
pelo Congresso e anunciou que enviará uma proposta de emenda constitucional,
prevendo elevação dos gastos públicos até os tetos que não ultrapassem a
inflação anual. Será travada uma batalha congressual, visto que as despesas que
geralmente crescem mais são as da saúde, educação, da previdência e do salário
mínimo com ganho real.
Ademais, pretende receber R$100
bilhões do BNDES, para abater dos R$500 bilhões de capitalização feita pelos
governos petistas. O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que tinha
verificado que há caixa do BNDES para tal ressarcimento e de que o valor será
usado para abater da dívida pública. A razão do empréstimo, tomado no mercado
financeiro à taxa SELIC, dirigiu-se a grandes empresas escolhidas, que
receberam os recursos a juros muito menores do que a taxa SELIC, de captação.
Por outro lado, referidas cifras não contribuíram nos últimos anos, para o
crescimento econômico, visto que o Brasil tem cerca de três anos recessivos.
Além disso, pretende também bloquear novos subsídios e extinguir o Fundo
Soberano, hoje com R$2 bilhões de ações do Banco do Brasil, que fora criado
para a capitalização da Petrobras na exploração de petróleo na camada do
pré-sal.
As medidas anunciadas foram bem
recebidas pelo mercado. Têm vantagens em relação aos outros ajustes, que eram
medidas de contingenciamentos, que comprimiam despesas e atrasava pagamentos.
Comentários
Postar um comentário