11/05/2016 - PROJEÇÕES RECENTES DA RETOMADA




O acontecimento que poderá hoje mudar o governo, depois da votação do Senado, cujas pesquisas preveem a nova situação, colocam as classes empresariais acreditando na retomada, a grande imprensa também, bem como a maioria dos políticos. Em sua coluna de hoje na FSP, intitulada por “Reformas”, Antônio Delfim Netto se reporta às estimativas da semana passada, para o PIB crescendo em 2017, do Bradesco, de 1,5%; do Banco Itaú, 1%; do Banco BNP Paribas (francês), de 2%. Já a Consultoria MB Associados, que é respeitada na área de perspectivas econômicas (As letras MB vem dos sobrenomes Mendonça de Barros, dois irmãos conhecidos como doutores de largo prestígio. José Roberto Mendonça de Barros já foi Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Luiz Carlos Mendonça de Barros foi Ministro das Comunicações. Ambos têm também larga experiência no magistério superior e atuação também na iniciativa privada. Não se sabe se eles estão na direção. Mas, se sabe que tem recrutado bons economistas em décadas), pronunciou-se a seguir.

Dizendo em entrevista à revista Exame (E), datada de hoje, de que “a confiança vai voltar”, o economista-chefe da Consultoria MB Associados, Sérgio Vale (SV), refere-se a que um governo Temer pode ser capaz de retomar o diálogo com o Congresso e o crescimento. Em respostas às perguntas da revista de cerca de 50 anos de interpretação da economia brasileira, tem sua síntese, aqui colocada, para ser analisada brevemente. (E) – “Temer tem aprovação popular baixa. Isso será um problema?” (SV) “Temer não é o presidente dos sonhos. Não tem o histórico gerencial de Aécio Neves ou a biografia de Marina Silva. Mas é a opção possível melhor do que a que temos. Basta calcular que a gestão Temer evitará uma perda de 6 pontos do PIB até 2018”. O termo é ‘evitará’, porque no cálculo da consultoria o PIB recuaria – 3,8% em 2016; cresceria 0,6% em 2017 e 1,7% em 2018. Na verdade, reverter o quadro caótico desde 2014 não é fácil. O crescimento pequeno em referência poderá levar à retomada de maior nível de crescimento, em novo governo. (E) – “Como é possível a economia ter um resultado tão diferente em pouco tempo?” (SV) – “Nas crises, há um potencial de melhora na troca de um presidente da República. Um exemplo foi a transição de Collor. De abril a setembro de 1992, quando o afastamento era discutido no Congresso, a produção industrial caiu 11%. Em 1993, essa queda foi anulada. O governo Itamar Franco também não era dos sonhos. Mas, ao contrário de Collor, ele tinha diálogo com o Congresso. O Brasil precisa de um presidente que converse com o Legislativo. Isso não existe há cinco anos.” (E) “Como retomar o crescimento?” (SV) “É preciso estabilizar a dívida pública e evitar novos déficits. Parte disso virá dos cortes das despesas. Outra parte, do aumento da arrecadação devido à melhora da economia. Precisamos voltar ao tripé que caracterizou nossa economia até a posse de Dilma: metas de inflação, prudência fiscal e câmbio livre. Temer deve ter aliados suficientes no Congresso para aprovar mudanças nas regras para concessões de infraestrutura e a idade mínima para aposentadoria. Com esses sinais, a falta de confiança é desarmada.”

O fato concreto é que, mesmo sendo do PT, Lula soube sair-se bem na política e na economia. Dilma não. Na política, na Câmara de Deputados, Dilma teve contra 367 (71,54%) votos entre 513 deputados, pelo seu afastamento e hoje vai ter sua votação no Senado. Amanhã se voltará ao assunto, visto que o resultado final prevista será pelas 22 horas. Na economia, Lula obteve taxa média do PIB de 4% anuais e superávits fiscais. No seu quase sexto ano consecutivo, Dilma tem levado o PIB a praticamente 0,1% de incremento médio anual no período e está batendo o recorde republicano de três anos consecutivos de déficits primários. Enfim, desestruturou o ambiente geral de negócios, descendo o Brasil para o 116º lugar entre 189 países, conforme o Banco Mundial, em seu indicador “doing business”, além de nos últimos dois anos colocar o Brasil na maior recessão da história republicana, de 8% e de recuo de 10% na renda per capita em tão pouco tempo.

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