14/05/2016 - SAIR DO ABISMO FISCAL
Todas as apostas da gestão de
Michel Temer estão feitas em Henrique Meirelles, para o governo sair do abismo
fiscal em que se encontra. No lugar em que se está do abismo tem prévias de
valores deficitários, mas não adianta medidas globais de política econômica,
para serem anunciadas agora, de vez. Lênin, em seu livro “Duas Táticas”,
referia-se “um passo atrás, dois na frente”, para fazer a revolução socialista.
Collor, como graduado como economista que é, deu somente passos à frente e
rápidos, somente para marcar na história de 1994 para cá. Deu no que deu, no
seu impeachment. Sucedeu-lhe Itamar Franco, nomeando FHC, para Ministro da
Fazenda, que disse que nem “sabia” de economia, mas compôs uma equipe ortodoxa,
de conhecidos estudos econômicos, composta por André Lara Resende, Edmar Bacha,
Gustavo Franco, Pedro Malan e Pérsio Arida, em ordem alfabética, todos eles
professores de prestígio e hoje bem sucedidos na área empresarial. Não recuou,
mas tomou fôlego para executar o Plano Real em três etapas: um, a resolução do
problema fiscal, criando o Fundo Social de Emergência, que vigora até hoje,
chamado de Desvinculação das Receitas da União (DRU), que tem sido aprovado
pelo Congresso, cuja renovação está no estoque dos projetos da Câmara Federal;
dois, a transição da Unidade Real de Valor (URV), moeda de conta que dolarizou
a economia; três, a criação da moeda Real, que permanece, dando estabilidade.
Portanto, Itamar fez três passos a frente, “devagar”, para que as surpresas não
assustassem e criassem confiança. A presidente Dilma, sofre processo de
impeachment, sendo Michel Temer o presidente provisório, mas que nomeou
Henrique Meirelles, para Ministro da Fazenda, que anunciou que irá saber
primeiro, as bases reais da economia, que irá “devagar, porque não tem pressa”.
Portanto, está procurando restaurar a confiança.
Ontem, anunciou-se um cenário
fictício pior do que se imaginava, ao divulgar-se o Índice de Atividade
Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como prévia do PIB, que aponta
para uma queda do PIB em doze meses de 5,26%. A queda em parafuso tem dois
motivos principais: a elevação da dívida pública, já que o governo nem juros
tem pago, além do déficit primário crescente. O combater será principalmente em
cima deles. Quando a economia estava bem em 2005, Antônio Delfim Netto,
assessor informa de Lula, lançou a ideia de déficit nominal zero. Isto é, as
finanças públicas se organizarem para pagar encargos e principal da dívida, com
o fito de reduzi-la a níveis mínimos. No limite utópico, extirpá-la. Antônio
Palocci, então Ministro da Fazenda, comprou a ideia. Mas, a Ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, bombardeou a ideia e foi vencedora. Portanto, não é de
hoje seus desacertos. Claro que atualmente é inviável. No horizonte melhor, é
ter superávit primário, que existia até 2013.
O atual Ministro da Saúde,
Ricardo Barros, que foi o relator do orçamento da União deste ano, afirmou que
as receitas vigentes estão superestimadas (um olhar, depois do grande recuo da
economia) em R$100 bilhões. Os “restos a pagar” (compromissos empenhados) são
de R$230 bilhões. Logo, o déficit proposto pela equipe econômica anterior, de
R$97 bilhões, está bastante subestimado. O assunto será pauta do Legislativo na
próxima semana, acerca da alteração da lei da meta fiscal deste exercício,
quando se evidenciará o “primeiro passo” (vide item “um” do Plano Real, citado
acima).
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