28/10/2015 - DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO
Há mais de 160 anos, o clássico
economista alemão, Karl Marx, começou suas explicações sobre a formação do
sistema capitalista, vindo a lume seus livros, destacando-se a coleção de seis
tomos de “O Capital”. Nela, ele anuncia as leis gerais do capitalismo. Uma
delas é a divisão internacional do trabalho. Ou seja, as desigualdades entre
países se devem inicialmente à produção de maiores aos menores valores
agregados aos bens e serviços. Em seguida, elas se elevam na esfera do comércio
e na esfera financeira. Os países ricos produzem principalmente bens e serviços
industriais, de alta tecnologia e que agregam mais valor. Os países pobres
produzem bens primários, semimanufaturados e que são exportados, para terem
crescimento vinculado aos países ricos. Os países emergentes produzem os dois
tipos de bens, buscando ficar no primeiro grupo. Sabendo disto, o Brasil desde
o governo de Getúlio Vargas, de 1930, iria criar uma série de mecanismos para a
expansão industrial brasileira, muito conhecido como processo industrial de
substituição das importações. O Brasil iniciou uma corrida no século XX para
tornar-se um país desenvolvido. Cresceu bastante e se tornou um país emergente,
a partir da implantação do Plano Real, em 1994, quando se instituiu a
estabilidade monetária. A indústria alcançou 25% do PIB em 1985. Neste último
quartel do século passado a indústria se tornou forte. Porém, no mesmo período
o agronegócio passou a ter a maior produtividade brasileira. Assim, no século
XXI, aproveitando o boom dos preços das commodities e do crescimento chinês
acima de 10%, o Brasil viu a produção agrícola crescer rapidamente e a produção
industrial decair na formação do PIB. Hoje, a indústria está por volta de 12%
do PIB; a agricultura (do agronegócio = 23%; produção familiar = 10%) em torno
de 32%; o setor de serviços em 56% do PIB. Quer dizer, o País é um emergente
que não consegue passar de uma nação de renda média, ainda mais porque se
observa o declínio da produção industrial no PIB. Ou seja, países pobres tem
renda per capita inferior a US$6,000.00; países de renda média, até
US$16,000.00, colocando-se o País com renda superior a US$11,000.00 e tendo
imensas dificuldades de ultrapassar a curto e médio prazo os US$16,000.00, sendo
o que se chamou de armadilha da renda média; países com renda após os
US$16,000.00 estão considerados como em estágio inicial de desenvolvido, até
considerarem de desenvolvimento maduro, como os Estados Unidos, com renda per
capita acima de US$51,000.00; Noruega está acima de US$71,000.00 e há países de
renda mais alta, que estão já na casa de US$100,000.00.
No ano passado, o Brasil exportou
US$225 bilhões com uma pauta de 7.000 itens diferentes. Entretanto, cinco
produtos correspondem a 40% dela: açúcar, carne, soja, petróleo e minério de
ferro. Açúcar, por séculos tem sido campeão de produção e exportação. Carne e
soja, do grande desenvolvimento do agronegócio das últimas décadas. Petróleo,
porque a Petrobras exporta o petróleo pesado e importa o petróleo leve, segundo
suas necessidades. Minério de ferro, uma gigante estrutura. Este último, em
2011 a tonelada custava mais do que o triplo, a R$677,00, hoje é de R$210,00. O
preço de petróleo também desabou. Saiu de US$23.00 em 2000, alcançou o máximo de
US$125.00, em abril de 2011, hoje cotado a US$49.00. Enfim, muito mais baratos
do que há quatro anos estão as matérias primas. Quer dizer, além dos preços das
commodities caírem de forma abrupta, geralmente, bem mais do que os produtos
industrializados, estes últimos geram mais valor. Portanto, o Brasil deveria
criar uma política industrial de favorecer a competitividade. Contudo, em um
país burocrático, cartorial, onde existe um cipoal de regras, leis, de alta e
complexa carga tributária, baixo nível educacional, baixíssima produtividade da
indústria, o estimulo à competição internacional se aproxima de zero.
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