16/10/2015 - DEFESA DA REDUÇÃO DOS JUROS PAULATINAMENTE
O Banco Central (BC) no primeiro
mandato da presidente Dilma, recebeu os juros básicos da economia, a SELIC, em
12,25%, reduzindo-a, rapidamente, em um ano, para 7,25%. A inflação recrudesceu,
visto que a demanda agregada se tornou bem maior do que a oferta agregada.
Então, o BC, em dois anos, voltou de 7,25% em 2013, para 14,25% ao ano, até
setembro passado, fazendo crer que a elevaria mais, se a inflação passar de 10%.
A inflação se mantém alta, em 9,5%, há alguns meses. Taxas de juros tão altas
comprometem 8% do PIB em pagamento anual de encargos financeiros. Nos Estados
Unidos a taxa básica é de menos de 0,5%. No Japão está ainda menor. Nos países
europeus não ultrapassa 2%. No Brasil os empresários da esfera produtiva,
principalmente os industriais, propugnam pela redução equilibrada da SELIC. Porém,
os banqueiros não, justamente os que mais têm ganho que a SELIC elevada. Para
Joaquin Cottani, argentino, economista-chefe para a América Latina da Standard
& Poor’s, em entrevista à revista Exame desta quinzena, assim se refere: “O
momento é propício para cortar os juros. Explico: como o mercado de trabalho
está desaquecido, a inflação nos próximos anos pode iniciar uma queda. Se isso
ocorrer, o governo pode aproveitar para diminuir a concessão do crédito público
e começar a diminuir gradualmente os juros. Haveria um efeito positivo na
redução da dívida pública, já que boa parte dela é atrelada à SELIC e tem
vencimento de curto prazo. Imagine que a taxa de juro, hoje em 14,25% ao ano,
caísse à metade e o BC parasse de intervir no mercado do dólar. Em pouco tempo,
o custo da rolagem da dívida pública, hoje em torno de 8% do PIB, cairia para
4% do PIB. Haveria superávit primário, em vez de déficit, e a dívida pública
deixaria de aumentar. Com o dólar estabilizado e juros menores, os
investimentos seriam direcionados para a economia real, como as obras de
infraestrutura, em vez de ficarem retidos na compra de títulos da dívida
pública. Isso ajudaria o País a voltar a crescer e a se desenvolver”.
O que ele quis dizer com a
redução dos juros básicos paulatinamente? Já há condições objetivas de
reduzi-la, aos poucos, em alguns anos, segundo ele. Porém, ele não colocou a
condição do governo não continuar elevando os preços administrados, condição
então necessária. Afinal, quem mais ganha com a SELIC alta são os banqueiros e
os rentistas. O que ele quis dizer com diminuir a concessão do crédito público?
Sem dúvida, refere-se ao crédito subsidiado, que é discriminatório com aqueles
que não têm acesso. O que ele quis dizer para o BC parar de intervir no mercado
do dólar? É que o dólar assumiria seu valor de mercado. A propósito,
considerando a taxa inflação brasileira muito maior do que a média
internacional, Joaquin também acredita que o câmbio chegará a R$5,00, então
livre, isto porque com a venda de swap cambial, neste ano, até 02 de outubro, o
BC acumula perda de R$108 bilhões. Tal perda vai para as despesas gerais do
governo federal.
O fato é que, a presidente Dilma
não logrou êxito no seu primeiro mandato, porque não fez as reformas
estruturais. Por isso mesmo é que os investidores se contraíram; os
consumidores atingiram seus limites de crédito e se retraíram também no
consumo; por seu turno, o governo passou a gastar mais da conta, muito acima do
crescimento do PIB, desequilibrando a contabilidade nacional. Se voltar a
reduzir os juros novamente, terá de fazê-lo devagar e só alcançará êxito se
realizar as reformas estruturais tão prometidas.
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