01/10/2015 - NA LINHA DE FOGO
O jornal diário inglês, Financial
Times, colocou como título de uma página, com a foto da presidente Dilma: “Na
linha de fogo”. Para eles “Dilmadura”, como colocaram em letras garrafais na
reportagem, está levando o País para um momento crítico. Para eles, o navio
está afundando e a política econômica brasileira é inconsistente. O fato é que,
depois de ter feito o seu primeiro mandato com um modelo econômico errado,
chamado de “nova matriz macroeconômica”, está tentando consertá-lo em 2015, a
começar com um ajuste fiscal. No entanto, dados do Tesouro Nacional de oito
meses deste ano apresenta a piora do resultado das contas públicas, conforme a
série histórica iniciada em 1997. Referidas contas é a reunião dos gastos do
Tesouro, da Previdência e do Banco Central, acumulando, de janeiro a agosto, um
déficit de R$14 bilhões. A União só tem quatro meses para revertê-lo e ainda
gerar um superávit prometido de R$5,8 bilhões, cerca de 0,1% do PIB. Segundo o
secretário do Tesouro, Marcelo Barbosa, a queda nas despesas do ano foi de
2,1%, mas o recuo das receitas foi de 4,8%, no mesmo período. O estouro é
resultado da combinação entre a retração da arrecadação, em razão do processo
recessivo e a correção das chamadas “pedaladas fiscais”, ou seja, de pagamentos
que foram postergados no ano passado. Somente em agosto o rombo foi de R$5
bilhões. Estados e municípios também tiveram déficit de R$2,3 bilhões. O
déficit consolidado não sendo pior porque foram adiados para setembro o
pagamento da primeira parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas do
INSS, que nos últimos anos tinha sido pago em agosto. O efeito disso é muito
grande, conforme aconteceu em agosto de 2015, quando se contribuiu para que o rombo
alcançasse R$15 bilhões. Juntos, o déficit até agosto deste ano, mais o
superávit prometido, o esforço fiscal teria de ser de aproximadamente R$20
bilhões. Por estranha coincidência, no mesmo período de 2015, os subsídios
governamentais foram de R$20 bilhões até agora neste ano contra R$6 bilhões em
2014. O déficit acima referido é o primário, que em 2014 ficou em 0,6% do PIB,
ou seja, R$35 bilhões. Mantido o déficit primário do orçamento mandado para o
Congresso, de rombo de R$30,5 bilhões, mais os juros da dívida que deveria ser
paga anualmente, quando se tem o déficit nominal, este chega a 9,2% do PIB,
segundo Miriam Leitão, no jornal O Globo, de hoje, sendo suas palavras: “O
déficit nominal do setor público alcançou 9,2% do PIB em agosto. Nenhum governo
do mundo consegue se sustentar com um rombo desse tamanho. Ele tem origem no
descontrole fiscal, mas aumenta ainda mais pela alta dos juros, que não podem
cair sob risco de disparar a inflação, e pelos swaps cambiais. A situação é tão
crítica que, mesmo quando saem do cálculo, esses gastos com juros e swaps,
ainda assim o número fica no vermelho. O superávit primário se transformou em
um déficit primário crônico. O problema das contas contraídas pelo governo
Dilma é que o País é que terá que pagar”.
Neste início de outubro, o Fórum
Econômico Mundial divulgou que o Brasil caiu 18 postos em competitividade, em
75º lugar entre 140 países avaliados. As vendas nos supermercados se retraíram 4,04%
em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2014, segundo a Associação
Brasileira de Supermercados. As greves no serviço público estouram pelo País e
ficam vários meses em curso. No Congresso, vetos da presidente, se derrubados
poderiam gerar R$65 bilhões. Mas, a votação ficou para a próxima semana. Os agentes econômicos estão nervosos, na
medida em que surgem todo dia notícias ruins. Seis delas estão acima, mais a
sétima é mais grave, que é o desemprego, divulgado pelo IBGE de 8,6%, o maior
já calculado desde o início da série em 2012, da PNAD-Contínua.
Imaginava que essa crise toda era mais por causa da incerteza política, mas pelo visto a coisa é grave mesmo.
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