06/10/2015 - INSISTIR ARRECADAR MAIS É DESCONHECER A CURVA DE LAFFER
Toda semana o Banco Central
pesquisa com 100 instituições financeiras credenciadas, as perspectivas mais
imediatas da economia. Pela 12ª vez consecutiva houve piora nas perspectivas.
Para a inflação, medida pelo IPCA, a projeção deste ano é de 9,53%. Para o PIB,
a estimativa de 2015 é de – 2,85%. Já, para o dólar é de fechar o exercício em
R$4,00. Na semana passada o dólar comercial esteve em R$4,22. Mesmo que o
governo comece a queimar as reservas externas, no valor de US$370 bilhões, não
deverá usar muito delas, visto que elas são a garantia de pagamento do déficit
global do balanço de pagamentos superior a US$100 bilhões. Os agentes
consultados geralmente tem forte formação tanto acadêmica como prática. É
consenso que a draga pela qual passa o Brasil precisa ser mudada. Para isto é
preciso que seja ampliada a taxa de investimentos. Por simplicidade, o
raciocínio do investidor é de saber se existe procura por seus produtos, de
fazer o cálculo dos seus custos, margem de lucro, risco do País e preço de
venda.
Segundo Lawrence Pih, em
entrevista da segunda feira da FSP, de ontem, acerca do capitalista: “Ele
pensa: tem demanda? Não. Segurança jurídica, previsibilidade, estabilidade
cambial? Não. Juros estratosféricos? Sim. Custo trabalhista? Enorme. Conclusão:
não vou investir”. Lawrence amplia seu pensamento para capitalistas
internacionais. A saída, para voltar a crescer, para ele é a de promover as
reformas trabalhista, tributária e previdenciária. Cortar gastos públicos.
Apertar o cinto. Melhorar a eficiência da máquina estatal. Ele concluiu que o que
o Joaquim Levy está fazendo, o ajuste fiscal, é insuficiente. Por sinal, o
ministro citado já começou também a reiterar a necessidade de elevação de
alíquotas de tributos e de recriar a CPMF. Por seu turno, o Ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, declarou na semana passada que “apesar das
dificuldades, mantemos essa proposta (de recriar a CPMF) como plano A, B, C e
D”. Ambos são os mais fortes da área econômica.
Parece até que o doutor em
economia pela Universidade de Chicago, Joaquim Levy, não chegou a aprender
acerca da conhecida Curva de Laffer. Arthur Laffer, professor de economia de
Chicago, colocou no primeiro quadrante das coordenadas cartesianas, no eixo dos
Y, as receitas públicas; no eixo dos X, o percentual da carga tributária sobre
o PIB. Em seus estudos empíricos, a curva que une de 0% a 100% de tributos é
côncava, fechando nos dois pontos extremos. Referida curva tem inclinação para
cima, quando a tributação foi muito baixa; inclinação para baixo, quando a
tributação for muito alta. Os professores de economia da Universidade de
Berkeley, Christina e David Romer, através de estudos empíricos da economia dos
Estados Unidos, de 1930 para cá, encontrou o ponto de flexão para baixo em 33%
da carga tributária sobre o PIB. Em outras palavras, se o governo quiser
aumentar a carga, relativamente, à receita pública cairá. Isto ficou muito
claro para a década de 1930 e para a década de 1980 nos Estados Unidos. No
Brasil, a carga tributária já está em 36% do PIB. Aumentá-la ainda mais
produzirá mais ainda retração dos empresários e contração econômica. Parece também
outro “tiro no pé”.
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