09-10-2015 - INIMIGO COMUM
Desde o final do ano, quando
ficou muito claro a deterioração das contas nacionais, em quatro anos
consecutivos (2011-2014), o governo da presidente Dilma mudou a política da
“nova matriz econômica”, para a política do ajuste fiscal. O Brasil ingressou em
progressiva recessão. A cada dia se vem comprovando o pessimismo dos agentes
econômicos e cada vez mais se mergulha em uma situação de retroação. O título
do artigo de Rogério César Cerqueira Leite, de 84 anos, físico de formação, do
Conselho Editorial da FSP, publicado ontem, tem como título “A vingança
apocalíptica”, translada-se para a explicação política sobre a situação caótica
atual do País. Começa o texto assim: “Hoje estão em consonância no Brasil
forças extremas da sociedade, que em tempos mais severos ficariam em campos
opostos... Hoje dão as mãos o direitista ‘O Estado de São Paulo’, a minha
querida quase imparcial Folha, o oportunista ‘O Globo’ e a histérica revista
‘Veja’. Hoje se alinham para panelaços a população alienada e a estudante
militante. Tudo isso porque elegeram para inimigo comum, o PT, e sua
representante mítica Dilma Rousseff”. Contudo, todos, inclusive o PT, tem como problema
comum, a situação econômica de caminho para trás. Ou seja, o inimigo comum
mesmo é a política econômica, cujos membros são a presidente, a equipe
econômica e os que lhe apoiam, numa política econômica suicida. Não há “luz no
fim do túnel”, conforme a presidente Dilma afirmou anteontem. A economia
brasileira se aprofunda em recessão. A política econômica tem que deixar de ser
recessiva para ser proativa. O certo é ter planejamento econômico e reformas
estruturais. Mas, somente as reformas já serão um grande avanço. Contudo,
complete-se o ajuste fiscal também.
Em ordem cronológica inversa dos
erros apresentados. Observou-se ontem que o TCU aprovou a rejeição das contas
governamentais de 2014, por desvios de responsabilidade governamental de gastos
estimados em R$106 bilhões, indo ser julgado pelo Congresso se foi ofensa ou
não da lei de responsabilidade fiscal. Há dois dias, o TSE abriu investigações
sobre as contas de campanha das eleições sob suspeita de receber dinheiro
desviado da Petrobras, conforme indícios nas investigações da operação Lava
Jato. A equipe referida em agosto último enviou ao Congresso, pela primeira vez
na história, um orçamento para 2016 com déficit de R$30,5 bilhões, o que se
traduziu em espanto geral, trazendo como pior e imediata consequência o
rebaixamento da nota de qualidade para investimentos, pela agência de risco
Standard & Poor’s. Fechou as contas de 2014 com déficit primário de R$35
bilhões. Permitiu que a inflação recrudescesse para 9,5%, atual patamar. O
déficit externo se traduziu em R$100 bilhões. Transformou o BNDES em órgão
emprestador de recursos subsidiados a empresas campeãs nacionais, aquelas
justamente que não estão precisando de dinheiro, e aplicam os recursos dos empréstimos
na própria dívida pública. Baixou em 20% as contas de energia elétrica em 2013,
tendo que reajustá-las por volta de 50% neste ano. Reduziu de 11,75% para 7,25%
a SELIC em 2011/2012, trazendo alta inflacionária de volta, retroagindo em
elevação da SELIC de 7,25% para 12,25% até agora, em ponto pior do que pegou.
Por fim e em resumo, esta fazendo um ajuste fiscal que jogou o Brasil em
recessão atual de – 3%, cálculo do FMI para 2015, sem ainda tê-lo concluído e propôs
ao Congresso elevação de impostos e recriação da CPMF. A geleia geral endureceu
e não dá para deglutir.
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