19/10/2015 - O MAIOR PROBLEMA ECONÔMICO
Sem dúvida, é a dívida pública é
o maior problema econômico do País. Principalmente porque é um problema
estrutural. Basta que se veja que no ano passado, na real, houve déficit
primário, depois de 18 anos. Em tese, o governo devedor deve gerar superávit
primário, para, com ele, pagar pelo menos parte dos juros da dívida. Portanto,
de forma líquida, não se pagou os encargos da dívida brasileira. Ademais, o
governo federal ainda mandou em agosto um projeto de orçamento público com
déficit primário de R$30,5 bilhões. Foi a gota d’água para o Brasil perder o
selo de qualidade, para o investimento, da maior agência de risco
internacional, a Standard & Poor’s. Poder-se-ia argumentar que o maior
problema seria o gasto público excessivo, que cresce a taxas maiores do que as
do PIB por muitos anos. Este problema é conjuntural. Quer dizer, pode ser
acertado no curto prazo. Entretanto, quando se vinha pagando há 18 anos os
juros e havendo um esforço para redução da participação do PIB, como de fato
houve, o grande problema estava diminuindo. Entretanto, de 2011 para 2015 se vê
um grande crescimento do endividamento, passando a dívida pública de 53% para
65% do PIB. O que houve foi uma desastrosa gestão econômica. A dívida pública é
contratual e é preciso honrá-la, mesmo que se argumente que foi imoral a
exigência da Inglaterra de 1822, reconhecer a independência brasileira, para o
Brasil assumir o passivo colonial português, além de pagá-la pelas guerras da
independência, por ela capitaneada. Somente os países que fizeram sua
independência via guerra com os seus dominadores, tal como os Estados Unidos,
deram o calote na dívida pública de então. O PT tinha como programa, antes de
assumir o governo, fazer uma auditoria na dívida pública. No entanto, no poder,
nada fez, neste sentido.
O respeitado jornalista Clóvis
Rossi, na FSP de ontem, em artigo intitulado “O veneno que corrói o Brasil”,
cita o analista da ONG Contas Abertas, Dyelle Menezes, quando faz um exame do
orçamento de 2015, vendo que estão autorizados R$277,3 bilhões, para pagamento
de juros e encargos da dívida, enquanto nos últimos 15 anos o Programa Bolsa
Família teve o gasto de R$221,7 bilhões, para atender 42 milhões de pessoas.
Quer dizer, pouquíssimas pessoas poderão receber durante este ano, o que mais
de 20% da população brasileira não recebeu em 15 anos. Aqui se diz poderão
porque o governo não tem caixa suficiente para pagar nem 10% desse referido
valor. Ora, como o ajuste fiscal está em curso, previsto para durar muito, pelo
menos, mais dois anos, o País tem garantido também o longo período de recessão.
Para fazer o título do artigo, o artigo se inspirou no prêmio Nobel de Economia
de 2015, Angus Deaton, que recentemente declarou: “o crescimento mais lento
envenena tudo”. Imagine-se recessão longa, inflação alta e dívida pública em
crescimento?
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