15/10/2015 - CICLOS DE EMPREGO




O investimento global faz parte da demanda agregada da economia, demanda esta que conduz todo o aparelho produtivo. Relembrando, a demanda agregada é composta pelo consumo das famílias, pelos investimentos das empresas, pelos gastos do governo, mais o setor externo, composto de exportações menos importações. Dentro dos gastos governamentais existem duas parcelas distintas, o custeio e a infraestrutura, esta última é o investimento governamental. Ao assumir a economia brasileira o PT se manteve ortodoxo, preservando o tripé de câmbio flutuante, metas de inflação e superávit fiscal. Gerando tamanha confiança, tanto de empresários como de consumidores, o crescimento econômico desatou via uso da capacidade ociosa, crédito farto e barato e bom desempenho do setor externo. Assim, de 2003 para 2014, a renda somente cresceu no agregado de 33%. Entre 2004 a 2013, a economia brasileira criou por ano, uma média de aproximadamente 2 milhões de postos de trabalho. Portanto, de 2003 a 2014 o ciclo do emprego foi proativo. Mas, já em 2014, a economia se estagnou, as contas públicas se deterioraram com grandes déficits. Interno, primário; externo, do balanço de pagamentos. No ano passado se esgotaram as possibilidades de continuar crescendo via capacidade ociosa, crédito, ausência de reformas estruturais, principalmente a tributária, cuja carga passou de 32% em 2003 para 36% em 2014, além da enorme queda das matérias primas, deprimindo o desempenho do setor externo.

Depois do ano estagnado de 2014, o segundo mandato da presidente Dilma procurou realizar o ajuste fiscal, colocando a economia em recessão. O ciclo do emprego passou a ser depressivo. Neste ano se espera 2 milhões de desemprego e em 2016 mais 2 milhões também. Seria como se retrocedessem dois anos dentre os dez de bom desempenho da geração de empregos, sendo uma piora assustadora, em uma economia em queda de – 3%. De 2003 a 2014, a proporção de trabalhadores com carteira assinada passou de 46% para 55%. Quer dizer, hoje, uma taxa de desemprego aberto próxima de 8% e 32% de desemprego disfarçado ou subemprego ou trabalhador autônomo. Ora, mas, há três anos o desemprego estava menor do que 4% da população economicamente ativa.

Por que a economia retrocedeu tanto? Por que nem mesmo o papel do BNDES, no Programa de Sustentação do Investimento, não surtiu efeito de manter empregos, somente nesta rubrica R$24,5 bilhões, bem como mais de R$500 bilhões de dinheiro do Tesouro Nacional desde 2008, a juros subsidiados? Quem pagará a conta que começou a chegar em 2014, está forte em 2015 e persistirá em 2016? Sim, não se aumenta a dívida pública como se tem feito sem jogá-la de 53% de 2010 para 65% em 2015? Perdeu-se o selo de qualidade na obtenção de investimentos, pela maior agência de risco, a Standard & Poor’s. Por seu turno, a agência de risco Fitch rebaixou hoje também a nota brasileira, mas ainda manteve no último grau a posição de bom pagador. Os consumidores estão apreensivos, recuaram em suas pretensões; os empresários estão acuados. É urgente um plano econômico ou pelo menos as reformas estruturais.

 

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