02/10/2015 - CÍRCULO VICIOSO DO DESEQUILÍBRIO FISCAL
As políticas macroeconômicas
clássicas são: a monetária, a cambial e a fiscal. Todas as três estão
interligadas por envolver dinheiro. Uma boa gestão envolve, na política
monetária, por simplicidade, saber usar a taxa de juros para controlar a
inflação; na política cambial, por singeleza, na defesa do ataque especulativo
externo, mediante um colchão de reservas internacionais, para poder atuar na
paridade dólar/real; na política cambial, na obtenção de superávits fiscais,
seja primário, seja nominal. A era de FHC (1995-2002) foi marcada pela
estabilidade econômica, advinda do Plano Real, que foi uma reforma monetária, a
partir de 1994 e ainda em vigor. Montou-se um tripé de meta de inflação
(política monetária), câmbio flutuante (política cambial) e superávit primário
(política fiscal). Este superávit primário foi definido para sobrar recursos
para pagar os juros da dívida pública. FHC conduziu razoavelmente a economia
brasileira, obtendo taxa de crescimento do PIB por volta de 2,3% anuais, isto
porque FHC foi objeto de vários ataques especulativos monetários externos. A
era de Lula (2002-2010) manteve o tripé de FHC, sendo mais ortodoxo, mediante
elevação de juros, derrubou a inflação; contando com cenário externo favorável,
passou a acumular reservas em dólares e obteve uma moeda nacional valorizada;
por fim, fixou em 3% o superávit primário, limite considerado bom para pagar os
juros da dívida pública. Como resultado, obteve uma taxa média de crescimento
do PIB, de oito anos, superior a 4%, o que levou o Brasil a obter o grau de
investimento internacional em 2008. Na época, ele disse que o Brasil passou a
ser considerado um país sério, respeitado mundialmente, por saber equilibrar
suas finanças. Estava feliz da vida. Porém, o mesmo Lula, em frente da maior
crise capitalista depois de 1929, adotou medidas heterodoxas, que levaram à
irresponsabilidade fiscal, tais como: a contabilidade criativa (2008), o super
BNDES (2009), o intervencionismo estatal (2010), subsidiando segmentos
empresariais privilegiados, resultando no descontrole inflacionário a partir de
2011, como efeito retardado), para que o País fosse o último a entrar e o
primeiro a sair, daquilo que ele chamou de uma “marolazinha”. Assim, em 2009, o
PIB decresceu – 0,2%, mas, crescendo 7,6% em 2010. A presidente Dilma, em seu
primeiro mandato, aprofundou a heterodoxia da fase final da era Lula,
intervindo na economia com mais protecionismo e a elevação do gasto público
muito acima do PIB. Em 2014, ao terminar seu primeiro mandato, apresentou as
contas nacionais deficitárias, desorganizadas. Déficit primário de 0,6% do PIB,
coisa que não havia há 18 anos; déficit nominal acima de 9%, cuja pressão de
caixa levou a adotar austeridade em 2015; déficit externo acima de US$100
bilhões. As suas contas estão sendo questionadas pelo TCU, apontando-as como
desobediência à Lei de Responsabilidade Fiscal.
No segundo mandato da presidente
Dilma, embora tenha mudado para a ortodoxia, na correção dos problemas
econômicos, o que ser vê é a continuidade de uma gestão vacilante, ainda pior
do que a do primeiro mandato, incapaz até agora de adotar as medidas
necessárias, isto é, as reformas estruturais da economia. Ao insistir no erro,
mandando um orçamento ao Congresso, com déficit fiscal, obteve o rebaixamento
do conceito internacional de grau de investimento, para grau de país
especulativo, pela maior agência de risco internacional. A perda do selo de bom
pagador, nos próximos doze meses, poderá causar uma retração de 1,4% no PIB e
adição de 1,2% na taxa de inflação, segundo a consultoria Tendências. Lula,
ainda de forte influencia, disse com desdém, que a decisão da Standard &
Poor’s não muda nada na economia brasileira. Muda e muda muito. Conforme a
revista Exame, da quinzena passada, citando um estudo do Banco Itaú, a
recuperação do status perdido, de bom pagador, leva mais de sete anos,
considerando análise de dezenas de países que foram rebaixados pelas agências
de risco Standard & Poor’s, Fitch e Moody’s. O trio de credibilidade dos
grandes investidores internacionais. O resultado dessa perda, até agora de uma
delas, mas já existe a ameaça da Fitch, já traz enorme custo para a economia
brasileira. Tudo isto, principalmente pelo desequilíbrio fiscal. Parece que o
Brasil ingressou em 2015, no círculo vicioso do desequilíbrio aprofundado das
contas públicas, precisando sair o mais rápido possível desta recessão, que já
traz grandes prejuízos à Nação brasileira.
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