29/11/2014 - LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
Os limites da responsabilidade
dos prefeitos, governadores e presidente da República são definidos em lei
específica. Os órgãos que os acompanha e colocam ônus, quando for o caso, são o
Tribunal de Contas dos Municípios, o Tribunal de Contas dos Estados e o
Tribunal de Contas da União. Estes geralmente estão às voltas com prefeitos e
governadores. Nunca com o presidente da República, vez que este geralmente usa
artifícios para burlar a lei. No caso específico, o presidente da República se
obriga a cumprir, dentre outros encargos, o orçamento anual, projeto por ele
executado, analisado e aprovado pelo Congresso.
Depois de cinco meses seguidos,
de maio a setembro, registrando déficits primários, quando tinha se obrigado a
presidência para produzir superávits, visando honrar o pagamento de vencíveis
da dívida pública, as contas do governo central, Tesouro, Previdência, Banco
Central, fecharam no azul em outubro, saldo de R$4,1 bilhões. Entretanto, o
resultado é o mais baixo para outubro desde 2002. No acumulado do ano, o
déficit público é de R$11,6 bilhões. A secretaria do Tesouro tinha produzido um
último relatório, tendo reformulado a meta de superávit primário de mais de
R$100 bilhões, do início do ano, para R$10,1 bilhões. Para tanto, o governo
terá de economizar R$21 bilhões em dois meses. Antecipadamente, sabe-se que os
dividendos das estatais poderão ser de R$18,5 bilhões, de que haverá a cessão
onerosa para a Petrobras de quatro áreas de exploração do pré-sal no valor de
R$2 bilhões. Ademais, existe o recebimento de recursos do programa de
refinanciamento de dívidas confessadas das empresas (REFIS), que apresentará
superávit. Enfim, mesmo que o governo não consiga aprovar o seu projeto no
Congresso, de incluir no superávit primário os gastos com o Programa de
Aceleração do Crescimento e os subsídios dados a certos segmentos empresariais,
haverá superávit já declarado, de, no mínimo, R$10 bilhões. Porém, para pagar
somente os juros da dívida pública, o governo central deveria economizar R$250
bilhões. Portanto, pelos números acima, a distância é grande, tendo que o
governo crescer mais ainda a dívida bruta, acima de 60% do PIB, rolando parte
substancial dos juros e de principal da dívida nacional.
Face ao exposto, o Planalto se
enquadra forçadamente na Lei de Responsabilidade Fiscal. Porém, deixa
transparecer que o governo atual é fraco, na política fiscal. Por isso, ao
divulgar a nova equipe econômica, transpareceu que haverá um pacote fiscal,
incluindo a volta da cobrança da CIDE, atualmente zerada, redução de gastos com
abono salarial, seguro desemprego e pensão pós-morte. Enfim, o governo
apertado, não tem condições de fazer grandes investimentos na infraestrutura,
sendo as previsões da nova equipe econômica de que crescerá no ano que vem, por
volta de 1%, nos dois anos seguintes acima de 2% ao ano. É muito pouco para um
País que quer ser considerado avançado. Na pior das hipóteses, considerando que
as expectativas da equipe econômica poderão ser otimistas demais, o País
continuará estagnado.
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