13/11/2014 - BOLSA HOJE, FOME AMANHÃ



Até agora a presidente Dilma, reeleita para o segundo mandato, não definiu a equipe econômica. A esperança dentro de forte corrente do próprio PT, tal como externou a senadora Marta Suplicy, comentado ontem, de que a presidente Dilma deve ter uma equipe econômica independente, à semelhança do que realizou Lula, quando a economia brasileira cresceu à taxa média de 4% anuais, é para que ela deixe o arranjo de política econômica dos últimos quatro anos, caracterizado por gastos públicos maiores do que os incrementos do PIB, ao ponto deste ano estar apresentando déficit primário, depois de mais de quase doze anos do PT no poder. De que não invente “nada” semelhante a mandar que o Banco Central baixe os juros médios básicos da economia (SELIC) “na marra”. De que não faça concessões e subsídios a um pequeno número de empresários apadrinhados. Por que isto fez com que colhesse crescimento médio de 1,6% anuais, em todo o mandato, inflação acima do teto da meta, desequilíbrios externos e estagnação da produtividade.

Ao manter a política econômica atual, sem dúvida, a renda brasileira será cada vez melhor distribuída, conforme obtenção de menores coeficientes de Gini, mas isso tem um limite. O que está acontecendo são os miseráveis indo para a faixa de pobres, assim como uma parcela dos ricos, ficando mais ricos. Este modelo populista autoritário, de dividir o País, não se sustenta na democracia de vários partidos. O artigo de Miguel Henrique Otero, da entrevista das páginas amarelas da revista Veja, datada do dia 5, passado, compara a situação vivida na Venezuela, onde é dono de jornal perseguido, para o Brasil. São suas palavras: “Para esses governantes, manter a população na pobreza é importante porque isso lhes garante a sustentação política de que precisam. No Brasil, essa lógica ficou muito clara. No Norte, onde estão muitos dos beneficiários do Bolsa Família, o apoio ao governo é forte. No Sul, onde há uma classe média em expansão e a economia é mais produtiva, as pessoas votaram no candidato da oposição. Fica claro que grande parte da população brasileira está condenada a ser mantida na pobreza, no que poderiam chamar de bolsa hoje, fome amanhã”.

Devido ao conjunto do espocar de pequenas reações da população por mudanças, depois das eleições, mediante promessas de que se elevem já com datas marcadas, a presidente deverá anunciar nos próximos dias a sua nova equipe. Sem dúvida será muito difícil que ela continue tentando seguir o que ficou planejado no “Fórum de São Paulo”, em 1990, perante Lula, Fidel Castro e Hugo Chávez, quando a ideologia castrista se transformou em bolivariana. Isto é, o poder (populismo autoritário) não mais ser tomado pela revolução, mas por eleições populares. Ao querer continuar nessa linha, provavelmente o PMDB e demais partes da base aliada irão reagir, para manter o pluralismo democrático, o que Lula deixou acontecer, para não perder a eleição do segundo mandato.

Enfim, o que se espera é que se defina um modelo consistente de crescimento, baseado principalmente no investimento e não somente no consumo e despesas públicas, além de uma maior abertura da economia, em prol da indústria exportadora, em busca da produtividade.

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