24/11/2014 - AJUSTE FISCAL
O déficit do Tesouro de R$16
bilhões em setembro obrigará o governo federal a um ajuste fiscal. Isto tem que
ser feito logo, para recompor a estabilização, em si abalada e se quiser que a
economia brasileira volte a crescer acima de 2% ou mais ao ano. As contas
públicas ficaram desajustadas, por volta de quatro anos últimos. A pouca
efetividade no combate à inflação, o represamento dos preços administrados,
tais como os de energia elétrica e de combustíveis, os subsídios a segmentos
produtivos selecionados não reativaram a economia, precisando que a SELIC
continue em elevação. Para 2015, o orçamento da União é de R$2,86 trilhões,
sendo que o governo tem autonomia para mexer em apenas 10%, ou seja,
aproximadamente em R$286 bilhões. Os 90% estão carimbados para 39% ministérios
executivos federais. Os 10% terão que ser distribuídos para as obras do
Programa de Aceleração do Crescimento, gastos com o Programa Bolsa Família,
mais verbas para a saúde e para a educação. Portanto, não sobraria poupança
para pagar os juros da dívida pública, situação que pode rebaixar o grau de
investimento do País e limitar mais ainda o crescimento. Dessa forma, no ano
que vem provavelmente não haverá subsídios aos setores produtivos, poderá haver
a volta da CIDE, contribuição que incide sobre os combustíveis, quiçá a
ressureição da CPMF, o imposto sobre o cheque, mais outros acertos nos preços
públicos. Neste primeiro mandato da presidente Dilma, reduziu-se erradamente a
SELIC, maquiou-se as contas públicas, segurou-se os preços administrados e se
concedeu subsídios a segmentos privilegiados, desarrumando a economia.
A revista Exame, datada de
26-11-2014, p. 64, traz números de elevação da receita pública, se o governo
quiser crescer pouco em 2015, mas melhorar as taxas a partir de 2016.
- Aumento dos tributos, para
superávit primário de 2,5% do PIB, de R$145 bilhões.
- Elevação das contas de luz,
incluído o custo das termelétricas, de R$80 bilhões.
- Aumento dos preços dos
combustíveis, para realinhamento deles, R$30 bilhões.
- Elevação da taxa SELIC, de
11,25% para 12%, visando controle inflacionário, R$28 bilhões.
- Total de R$283 bilhões,
aproximadamente 10% do orçamento público proposto para 2015.
Em resumo, está acima uma ideia
de estabilização da economia, visto que não há milagre na área econômica. Não
por coincidência, mas por necessidade, a economia de 10% é quase igual aos 10%
que disporia o governo federal com certa liberdade, mas que não daria nem para
pagar os juros da dívida pública. No quadro de acerto monetário é provável que
seja restabelecido o necessário equilíbrio financeiro.
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