27/11/2014 - ELEITORES DECISIVOS




Debates até hoje se centram nos eleitores do PT e do PSDB, que ganharam as eleições em 5 de outubro. Sabe-se que Dilma ganhou com folgas, no Norte, Nordeste, parte do Centro Oeste, perdendo principalmente no Sul e no Sudeste. De forma semelhante às eleições presidenciais anteriores, desde 1989, fala-se erradamente, simplificadamente, em um Brasil dividido em dois: Norte, eleitores do PT; Sul, eleitores de Aécio Neves, assim como os pobres e parte da classe média votaram em Dilma Rousseff. Os ricos e parte da classe média votaram em Aécio. Ou, mais restritamente possível, que o Programa Bolsa Família elegeu Dilma. Em artigo da revista Veja, datada de ontem, Maílson da Nóbrega, intitulado “Bolsa Família: voto racional e não de cabresto”, afirma: “O Programa Bolsa Família não teve papel decisivo na reeleição de Dilma. Os votos do programa são estimados em torno de 27 milhões. O PT precisaria dobrar o programa para vencer só com eles. Impossível”. Ora, teve sim. Mais uma vez o ex-ministro da Fazenda, que ganha cerca de R$30 mil por palestras, Brasil afora, faz diagnóstico errado.

Dilma obteve 54 milhões de votos; Aécio, 51 milhões. Sem dúvida, Aécio decisivamente perdeu na falta de confirmação dos votos de Marina, nele, revestidos principalmente em Pernambuco e Minas Gerais, para Dilma. Porém, os eleitores principais de Dilma foram de seis categorias, em todo o País: (1) beneficiários do Programa Bolsa Família, calculados pelo próprio Maílson, em 27 milhões, isto representaria 50% dos votos; (2) beneficiários do Programa Minha Casa, Minha Vida, 3 milhões de agradecidos; (3) beneficiários do Ministério da Previdência, mediante auxílios diversos (certamente, muitos aposentados votaram contra ela, pelo baixo reajuste de aposentadorias) ; (4) funcionários das estatais e servidores públicos (aparelhamento do Estado), medrosos das privatizações que FHC fez, sendo projetadas por eles para a campanha para Aécio, além do medo infundido Pelo PT, de que Aécio retiraria benefícios e proporia sacrifícios; (5) acomodados, conservadores ou iletrados, que preferiram ficar com a continuidade; (6) beneficiários dos seguro desemprego ou do seguro-defenso. Infelizmente, não se tem o número preciso de cada categoria. Certamente, eles chegariam aos 54 milhões de votos.

Sem dúvida, as atenções do PT nas categorias acima foram decisivas. Veja-se o caso do seguro-defenso, que é uma bolsa de um salário mínimo mensal, para os pescadores, quando não puderem realizar a pesca, em época de desova e de preservação de espécies marinhas. Desde 2003, ano em que o governo afrouxou os critérios para o seu recebimento, aumentou 11 vezes o número de indivíduos que se declaram pescadores. Isto é, 796.800 pessoas receberão neste ano o benefício mensal, de 2 a 6 salários mínimos, sendo a média de quatro deles, para os contemplados. Devido à multiplicação dos pescadores, o gasto governamental deste ano será de R$2,4 bilhões. Por sua vez, o Ministério da Pesca é da cota dos políticos da Igreja Universal do Reino de Deus (partido PRB), que tem milhões de fiéis, a qual é dona da TV Record, orientadora de milhões de seus crentes.

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