20/11/2014 - BÔNUS DEMOGRÁFICO REVISITADO




O bônus demográfico é a fase em que passou ou passará um país, quando terá o máximo possível de pessoas trabalhando. No caso brasileiro, o bônus demográfico se iniciou nos anos de 1990. Isto é, o Brasil começou a ir em direção de um período em que dois terços da população estão concentrados na faixa etária produtiva, de 15 a 64 anos. Os chamados inativos estão na faixa do nascimento até 14 anos, bem como aqueles após os 65 anos (crianças e idosos), conforme classifica o IBGE. O peso dos inativos é a relação que estes têm em relação aos ativos. Em 1980, era de 7,3 por cada 10 pessoas; em 1990, 6,6; em 2000, 5,4; em 2010, 4,8. A estimativa para 2022, 4,1. A partir desta última data as projeções do IBGE mostram que se esgotarão o bônus demográfico. Em 2034, a relação crescerá para 4,6; em 2050, subirá para 5,6 por cada 10 pessoas. Em outras palavras, mediante a mudança da pirâmide populacional, a proporção de população inativa, que precisa ser sustentada pelos economicamente ativos vem se reduzindo desde os anos de 1980, cuja tendência vai continuar até 2022. Daí em diante a curva irá se inverter. A pirâmide mudou porque a redução do índice de natalidade acentuou a alteração da pirâmide etária brasileira nas últimas décadas.

A chance do citado bônus é única na história. O fenômeno de amadurecimento em massa da população aconteceu com os países do sul e do sudeste Asiático, cujos exemplos mais marcantes são Japão, Coréia do Sul e China. Em todos os países, a janela de oportunidades teve e tem data para fechar. No caso brasileiro será a partir do citado 2022. Na primeira década dos anos 2000 o Brasil aproveitou bem o potencial demográfico, crescendo por volta de 4% anuais médios. No entanto, nos anos de 2010, já nos primeiros quatro anos têm pifiamente sido aproveitados, visto que o crescimento da economia neste período está estimado em 1,6% como média anual.

Para 2022 restam oito anos. Dessa forma, a presidente Dilma precisa imprimir em seu segundo mandato maior aproveitamento da referida janela de oportunidades. O próximo presidente, Dilma Rousseff, reeleita, somente terá um mandato de quatro anos também para aproveitar o citado potencial. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, 30% da alta do PIB da década em curso ainda se deverá à vantagem demográfica. Quando essa vantagem cessar, restará ao Brasil aumentar sua produtividade para crescer. Em 2013, a produtividade cresceu apenas 0,8%. Neste ano nada se espera. Portanto, os próximos dois governos deverão envidar esforços para bem aproveitar o bônus demográfico. Sem dúvida, os próximos governos  deverão fazer as reformas estruturais para crescer sustentavelmente.

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