24/04/2014 - MANIPULAÇÃO DO PIB




O Produto Interno Bruto (PIB) é o indicador universal de desempenho de uma economia, seja local, regional, nacional, internacional. Trata-se de uma medida econômica; de uma abstração; de aproximação do desempenho da economia em uma forma agregada. Quem calcula no Brasil o PIB é o IBGE, que o faz mensalmente. Porém, somente divulga resultados trimestrais. A metodologia é rigorosa, através de cálculos de erros, em busca da maior precisão possível. Ademais, pode fazer até duas correções de um resultado. A análise de um PIB é estática. A análise de dois ou mais trimestres é estático-comparativa. A forma convencional de avaliação do desempenho econômico de um governante é  pelos números que obtêm do crescimento do PIB. Assim, não somente no Brasil, uma gestão que é posta em dúvida ou que obtêm maus resultados, geralmente tenta explicar-se ou mudar a metodologia do seu cálculo.

Na década de 1970, o IBGE foi alvo de assédios, para mostrar melhores resultados econômicos possíveis, o que se denominou de “milagre brasileiro”. O PIB em 1973 alcançou o máximo histórico de 14%. Contudo, perante o primeiro choque do petróleo, que se iniciou em setembro de 1973, quando os preços do barril subiram em pouco tempo cerca de 240%, o então ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, forçava a Fundação Getúlio Vargas a manter o índice de inflação em 14%, porque enquanto menor a inflação, maior era o PIB, entretanto o IBGE cravava uma taxa para ele de 26%, naquele ano. Por seu turno, o Fundo Monetário Internacional afirmava que a inflação brasileira era de 34% em 1973. O IBGE, não cedeu, divulgou o resultado.  Continuou fazendo, mostrando que o “milagre” pouco a pouco iria se exaurir. Assim, o PIB calculado baixou em 1974 para 9%; em 1975, para 5,2%; em 1976, elevou-se, em marcha forçada, para 9,8%; em 1977, para 4,6%; em 1978, para 4,8%; em 1979, para 7,2%. Porém, no final de 1979, veio o segundo choque do petróleo. A economia iria entrar em uma draga danada por mais de duas décadas. Ingressou, ora em anos de recessão, ora de baixo crescimento. Durante a era FHC (1995-2002) a economia se estabilizou, crescendo à taxa média anual der 2,3%. Durante a era Lula (2003-2010), o PIB cresceu em média anual por volta de 4%. A atual gestão da presidente Dilma (2011-2014) recuou o PIB para a metade do desempenho de Lula e abaixo do alcançado por FHC. Assim, novo ataque se apresenta para aumentar as taxas do PIB do primeiro trimestre deste ano, que será divulgado em maio. O governo estará proximamente introduzindo novo modelo de Pesquisa Industrial Mensal, elevando os segmentos empresariais da enquete. Dessa forma, o número dos produtos pesquisados para compor o PIB crescerá de 755 para 805. Certamente, quer o governo apresentará com novo rol, melhor resultado do que o PIB previsto pelo mercado financeiro de 1,5% e de 1,7% pelo próprio Banco Central. Muita discussão acontecerá mais à frente. O certo é que todo governo procura seguir a “lei de Rubens Ricúpero”, diplomata da carreira, que foi ministro da Fazenda de FHC: “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Falou ele isto, em pleno ar, a Carlos Monforte, repórter da TV Globo, pensando que estava fora da sintonia. Está gravado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DÉFICIT PRIMÁRIO OU SUPERAVIT PRIMÁRIO?

OITAVO FÓRUM FISCAL ÁRABE EM DUBAI

BANCO ITAÚ MELHOR PERFORMANCE