05/04/2014 - TAMANHO DO ERRO



A matemática aplicada gera a estatística. A estatística aplicada na pesquisa gera poderoso instrumento de política econômica. Os manuais de estatística afirmam que o erro da pesquisa no máximo é de 5% (- 2,5%, 2% dos extremos da curva normal). No Brasil, os grandes institutos de pesquisa, IBOPE, DATAFOLHA, VOX POPULI, tomam, geralmente, 4% (- 2%, 2% dos extremos da curva normal).
Em 1967, os militares criaram o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) com o objetivo de produzir estudos técnicos, visando subsidiar a política econômica. Na verdade, o IPEA tem sido linha auxiliar do governo federal. Presentemente, ele faz parte da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, ao nível de ministério.
Ontem, o IPEA divulgou nota reconhecendo que houve erro na divulgação de uma das suas pesquisas sobre estupro, intitulada “Tolerância social à violência contra as mulheres”. A divulgação chocou o País. Até a presidente da República manifestou indignação em rede social. Houve campanha na internet de mulheres dizendo “eu não mereço ser estuprada”. A revista Isto é trouxe reportagem denominada “Um País MACHISTA”.   Concluiu o estudo que 65,1% dos brasileiros apoiam ataques a mulheres que usam roupa curta ou que se vestem de forma atraente, após ouvir 3.810 pessoas de ambos os sexos. Conforme o IPEA, por uma troca nos gráficos da pesquisa, o resultado apresentado está errado. O percentual correto é de 26% dos que concordaram; 70% discordaram; 3,4% se disseram neutros. Quer dizer, o erro foi tão chocante que o diretor da área pediu demissão. Na verdade, está aí a nu como um órgão público pode estar sob suspeição, mesmo com 47 anos e no sistema democrático.
O IPEA confirma que os demais resultados se mantêm, mediante concordância de 58,5% de que “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros”. Portanto, a pesquisa quer mesmo dizer é que a maioria dos brasileiros tem uma visão preconceituosa, recusam a igualdade dos gêneros e até explicam a violência sexual.

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